Viver
Palavra de Honra | O pensamento colectivo, ou do bem comum, perdeu-se
Gastão Neves, advogado
Já não há paciência... para o vazio que paira nas gentes. As motivações são cada vez mais individuais, o pensamento colectivo ou do bem comum perdeu-se, o egocentrismo é a disciplina que mais adeptos tem.
Detesto... a falta de cidadania, de cortesia e de tolerância das pessoas, no geral. Por onde anda a elegância no trato entre cidadãos que tanta falta nos faz e tanto nos caracterizou?
A ideia... é viver, com objectividade e intensidade, saboreando. Crescer e caminhar de forma livre, criativa, observar e sentir a vida. Despertar curiosidades nas pessoas com as quais nos identificamos.
Questiono-me se... há justeza na vida.
Adoro... ter espaço para mim. No silêncio, medito e reflito no que sou, nos exemplos que me guiam e me dão um ponto de partida para chegar ao porto que entendo seguro.
Lembro-me tantas vezes... da intuição e saber do meu pai. No silêncio o seu olhar comunicava, as suas experientes palavras e exemplos têm-me seguido nestes 30 anos que já passaram desde a
sua partida.
Desejo secretamente... que os meus filhos me entendam!
Tenho saudades... Não sei do que tenho saudades ou se as tenho. Olho para as boas recordações que a memória não me faz esquecer e trago-as na bagagem. Quando abro a mala, ouço as melodias que ali estão, ouço as vozes, recordo os risos, ficciono e sinto-me bem. É claro que recordo muito o meu pai, o meu avô de quem herdei o nome e não conheci, mas conheço (!), a minha avó Mimi, com quem vivi até aos 5 anos e me “catava”, a cabeça. Sinto as suas mãos e o calor do seu colo. Recordo a família que, unida, nos deu a alma, nos ensinou o que muitos hoje ignoram.
O medo que tive... de perder quem me fosse querido!
Sinto vergonha alheia... De quem não tem vergonha nenhuma.
O futuro... é incerto e certo no que pode afectar a tranquilidade, o ambiente, a segurança, a economia ... assusta-me, faz-me estar apreensivo.
Prometo... ser o que sou, genuíno, sem egocentrismos.
Tenho orgulho... nos meus amigos, na minha família, na estima recíproca que manifestamos. Nos meus filhos que me respeitam como sou, que aceitam os meus erros e omissões, que não me julgam mas que me dão conta do seu livre pensamento crítico. São melhor do que fui e sou e ajudam-me a ser melhor pessoa.