Opinião

Para que servem?

23 mar 2025 10:27

Gastamos demasiado dinheiro com os partidos políticos. São dos agentes sociais que pior custo-benefício apresentam 

Os partidos? Politicamente, sou de esquerda. Não me comovem muito as causas fraturantes. Nem a mentalidade woke, nem a cultura do cancelamento. A liberdade não pode acabar onde “começa a dos outros”. Apoio qualquer causa razoável desde que não me obriguem à mesmice do pensamento.

Não sendo de direita, irrita-me o “faz o que digo, não faças o que eu faço” do Livre (filhos no ensino privado, elogio do ensino público); ou do BE (defende os trabalhadores com uma mão, despede com a outra). PS e PSD são empresas de mediação negocial. O Chega é um gangue.

Normalmente, voto CDU (que poderia ser usar e comunicar melhor as suas valias) ou num bom autarca com um projeto para o seu município (ainda há pouco, estive em Freixo de Espada à Cinta e vi um presidente jovem, hospitaleiro, motivado - Nuno Ferreira); mas acredito que à luz dos últimos acontecimentos em Portugal, os partidos políticos estão a chegar à sua falência moral e social. Gastamos demasiado dinheiro com eles. São dos agentes sociais que pior custobenefício apresentam. Não representam o seu eleitorado que se tem de azafamar em eleições consecutivas.

Devia-se tornar legal o lobbying, porque, daqui a pouco, não temos ninguém que possa “governar” o País. Os políticos pensam apenas em si mesmos, na sua carreira, na sua saída para um cargo Europeu e contam-se pelos dedos de uma mão quem tem uma visão de Estado, maior do que o seu ego, bolso ou ideologia.

Os bons políticos extinguiram-se. Os atuais detentores de cargos caçam-se uns aos outros, usando a imprensa, o comentário televisivo como carabina. Existem alternativas aos partidos? Com certeza. Leiam sobre elas no magnífico livro de Simone Weil Nota sobre a supressão geral dos partidos políticos (ou em Rosseau, Bakunin, Sartori).

E imaginem o que faríamos com os milhões que todos os anos e em todas as eleições se gastam em politiquice, porque a política (no seu sentido original grego, de harmonizar a causa publica com o foro privado) está morta em 2025. 

Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990