Opinião
Os políticos também fazem birra
Os bebés choram porque têm necessidades. Necessidades essas que vão para além das fisiológicas como comer, dormir e ter a fralda limpa
Ou melhor dizendo, os adultos fazem mais birras do que os bebés e as crianças. Sem querer entrar em grandes polémicas com política, queria dizer apenas que tenho visto comportamentos da parte da nossa classe política que só posso classificar como birras de gente grande. O problema é se que focam essencialmente nos egos e se esquecem que um país é deixado à deriva e os seus cidadãos à nora.
Em quem confiamos afinal? No meu rol de queixas aos políticos, quero só deixar aqui a minha. A não-aprovação da licença parental para os 6 meses, uma iniciativa de cidadãos, quando estava tudo tão próximo e bem encaminhado, parece-me uma traição. Aos pais e especialmente aos bebés, futuros eleitores. As famílias portuguesas mereciam mais proteção da parte do Estado. Tenho dito.
Agora voltando às birras dos bebés. Recentemente uma figura pública da nossa praça publicou um vídeo nas redes sociais da sua filha de 5 meses a chorar. Até aqui nada demais, tirando a interpretação da mãe, que classificou o choro como “birra”, e implicitamente volta a colocar o foco na manipulação e manha dos bebés. Não sei se essa senhora terá visto os filmes do Boss Baby, mas não existe aqui nenhuma cabala de bebés para dominar o mundo.
Os bebés choram porque têm necessidades. Necessidades essas que vão para além das fisiológicas como comer, dormir e ter a fralda limpa. Têm necessidades emocionais. Com isto quero dizer, o colo não estraga! Aliás os estudos têm afirmado que o amor é o combustível do desenvolvimento neuronal saudável! E também protegem de certas doenças mentais contribuindo para uma boa reserva cognitiva e mecanismos de coping para lidar com o stress.
Nesse sentido e porque na passada sexta-feira dia 14 de março foi Dia Mundial do Sono, voltou-se a falar de co-sleeping e qualidade de sono em crianças e pais. Insinuando mais uma vez que se deve fazer treinos de sono aos bebés e estes devem dormir fora da cama dos pais por razões de segurança.
Sobre isto tenho a dizer: 1) existem formas seguras de fazer co-sleeping; 2) na natureza as crias dormem junto aos pais por segurança e sobrevivência. Penso que já referi noutras crónicas a aversão que tenho (fundamentada pela ciência) aos treinos de sono que exigem que a criança chore até adormecer. São pura e simplesmente tortura psicológica.
Por último deixo-vos com uma reflexão que encontrei recentemente nas redes: quando é que nós enquanto espécie, nos esquecemos do que é maternar e aceitamos que nos sejam impostas modas que são perfeitamente contraintuitivas e anti natura?
Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990