Opinião
É obra
O Ministério da Cultura Juventude e Desporto decidiu este ano não apoiar o Acaso. É triste
O Acaso - Festival Internacional de Artes Performativas faz este ano 30 anos. Há 30 anos que “O Nariz Teatro” com altos e baixos, com mais apoios ou menos apoios mas sempre com o mesmo carinho do público, faz acontecer este pequeno grande festival que se estende para lá de Leiria, também nisto umas vezes mais outras menos.
O Ministério da Cultura Juventude e Desporto decidiu este ano não apoiar o Acaso. É triste. É mau. Mas é também um sinal dos tempos. E para quem já viu passar tanto ministro, tanto secretário, tanto diretor ao longo destes últimos 30 anos e sabe que mais continuarão a passar, estas coisas reduzem-se à dimensão dos protagonistas. São, é pena que sejam mas são, minúsculas quando se olha para trás e insignificantes quando se olha para a frente.
Este ano O Acaso faz-se aqui na cidade, com uma ida à Batalha no próximo sábado onde “Fire Dragons”, fogo e performance, dá a partida para uma mão cheia de espetáculos para crescidos e menos crescidos. Há Teatro, Dança, Circo, Marionetes, Música para todos os gostos, enfim para quase todos os gostos, ao longo deste resto de setembro, outubro e um bocadinho de novembro.
E vem gente de muitas proveniências mostrar-se aqui, gente de Espanha, da Estónia, de França, de Inglaterra e, só faltava que não, gente de Portugal.
Venham de onde vierem são tudo coisas que valem a pena ver e que quer se goste mais ou menos fazem parte do mar imenso de produtos artísticos de que pouco ou nada sabemos, são seja como for coisas que o nosso público de outra forma dificilmente veria.
Os festivais como este, ou o Sinopse – Festival Ator João Moital ou o Novos Ventos que conseguem a proeza notável de em nada colidir, enriquecem muito para além do imediato aqueles que os frequentam, criam gosto crítico, aguçam os nossos julgamentos estéticos e técnicos, despertam vocações, consolidam e animam a produção artística e alimentam a vida cultural do território onde se mostram, o gozo da fruição, o prazer de conversar e estar com outros.
Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990