Sociedade

Novos casos de violência doméstica não param de aumentar

12 fev 2023 09:00

Mais 20 vítimas precisaram de acolhimento em 2022

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O número de novos casos violência doméstica reportados à associação Mulher Século XXI, em Leiria, continua a aumentar. Em 2022, a associação registou 221 denúncias, um número superior ao do ano anterior, quando foram sinalizados 199 situações.

Numa nota de imprensa, a Mulher Século XXI adianta que dos 221 novos casos, dez vítimas são homens e 51 imigrantes.

A Resposta de Acolhimento de Emergência (RAE) recebeu 82 vítimas, das quais 45 são mulheres e 37 seus dependentes. Este apoio foi prestado a 20 pessoas imigrantes.

“Num momento em que os dados da violência doméstica não parecem estar para diminuir, já que continua a ser visível o aumento destes números, é nossa opinião que será através do aumento das ações de sensibilização que será possível ‘desbravar caminho’”, lê-se na referida nota.

A Mulher Século XXI integra a Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica e é responsável pelo Centro de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica do Distrito de Leiria (CAVDDL), pela RAE, pelo RAP – Resposta de Apoio Psicológico a crianças e jovens vítimas de Violência Doméstica da CIM Região de Leiria (Gabinete Girassol e gabinetes itinerantes) e pela Linha de Apoio à Vitima Idosa de Violência Doméstica (800 21 03 40).

Desde o início do seu funcionamento, em Outubro de 2021, até final de 2022, o Gabinete Girassol, já contou com 131 casos. Em 2022, dos 113 casos novos, 56 são do sexo masculino e 57 do sexo feminino.

O concelho de Leiria 78 casos estão a ter acompanhamento, seguindo-se o apoio a um maior número de pessoas de Pombal e da Marinha Grande.

A prevalência de escalão etário situou-se entre os 3 e 6 anos e os 7 e 10 anos. “Todos estes casos apresentavam violência psicológica e em 28 situações também violência física”, realça a associação.

“Urge dar continuidade e aperfeiçoar a abordagem integrada ao nível do distrito de Leiria, reunindo municípios, Ministério Público, Instituto da Segurança Social, forças de segurança, instituições da área da Saúde e estruturas de atendimento a vítimas de violência doméstica, com vista a potenciar a colaboração e coordenação de esforços”, adianta o comunicado.

A Mulher Século XXI também defende a capacitação dos técnicos de todas as áreas e entidades, “para a intervenção sobre as diversas manifestações da violência doméstica junto das vítimas em situação de especial vulnerabilidade”. “Não podemos aceitar que ainda existam casos que não sejam tratados com a seriedade que se exige”, destaca.

“Nunca o trabalho em rede foi tão importante para atingir resultados mais eficientes e eficazes, sendo necessário potenciar estratégias inovadoras na sinalização e intervenção das vítimas de violência doméstica. É preciso empoderá-las. É preciso dar-lhes voz. A violência doméstica é um crime público e isso significa que todos e todas somos responsáveis pela sua denúncia. É um dever, é uma responsabilidade”, salienta a presidente da associação, Susana Pereira.

Segundo a nota, que cita as estatísticas oficiais do portal da violência doméstica da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, durante o ano de 2022, a nível nacional, 28 pessoas foram mortas em contexto de violência doméstica: 24 mulheres e quatro crianças. No período homólogo de 2021 foram assassinadas nas mesmas circunstâncias 23 pessoas (16 mulheres, duas crianças e cinco homens).