Sociedade

Marrazes e Barosa querem mais mulheres representadas na toponímia

16 fev 2023 10:16

Autarquia pede à população que dê sugestão de nomes que possam vir a constar nas ruas da união de freguesias

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Edifício da sede da Junta de Freguesia de Marrazes, no concelho de Leiria
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Redacção/Agência Lusa

A União das Freguesias de Marrazes e Barosa (UFMB), em Leiria, lançou um repto à população para sugerir nomes de mulheres que mereçam constar nas ruas daquelas freguesias, de forma a esbater a desigualdade de género.

Inspirada por estudos realizados no Porto e em Lisboa, que revelaram a sub-representação feminina na atribuição de nomes a ruas (04% no Porto, 09% em Lisboa), a UFMB replicou a ideia e chegou a conclusão semelhante.

“Não somos assim tão diferentes, infelizmente, dessas localidades. De 669 topónimos que estão com nomenclatura na UFMB, apenas 29 têm nomes de mulheres. Isto corresponde a 0,4%”, explicou à agência Lusa Catarina Dias, membro do executivo e coordenadora de “Caminhos da igualdade: toponímia em feminino na UFMB”.

Alinhado com outras iniciativas da autarquia para prevenção da violência doméstica contra as mulheres e promoção da igualdade de género, o projecto pretende dar a conhecer quem são essas 29 mulheres.

A par disso, quer-se descobrir outras mulheres que, pelos seus percursos e história de vida, mereçam “ser reconhecidas e celebradas”, inscrevendo a sua memória “numa rua, numa estrada, num beco, em qualquer lugar da união das freguesias”.

“À primeira vista parece uma insignificância, mas é ‘apenas’ mais uma manifestação da desigualdade de género que existe, em muitas dimensões. A toponímia é uma delas”, sublinhou Catarina Dias.

De forma a “envolver a comunidade nesta mudança de paradigma”, até 22 de Fevereiro a UFMB recebe propostas (pelo ‘e-mail’ catarina.dias@ufmb.pt) para a eventual atribuição do nome de outras mulheres a ruas de Marrazes e Barosa.

“É nossa intenção dar prioridade às mulheres em nomes a atribuir futuramente. Mas são assuntos delicados. Além de acreditarmos que pode e deve haver acções de discriminação positiva, também devemos ter algum bom senso nas decisões que se tomam”, alertou a coordenadora do projecto.

As propostas são apresentadas em 08 de Março, Dia Internacional da Mulher, numa tertúlia na qual se falará das 29 mulheres que constam já na toponímia e reflectir sobre o tema.

Mas para Catarina Dias este é, apenas, “o ponto de partida”. “A partir daí, muito existirá certamente para pensar, para falar e para concretizar. Reflectir sem uma perspectiva de acção transformadora é uma falácia”.

Por isso, a iniciativa da autarquia pretende também ser “uma provocação interna, de autocrítica e autoavaliação” que se estenda “aos colegas das outras freguesias e ao próprio município”.