GD Vidreiros ajuda o Pessegueirense a recuperar das chamas

Continuam vivas na memória as imagens dos incêndios florestais que assolaram diversos distritos do Norte e Centro do País a partir de 15 de Setembro e que, em seis dias, consumiram cerca de 135 mil hectares.

Pela televisão e redes sociais, circularam centenas de vídeos e fotografias do cenário devastador provocado pelas chamas, que chegaram ao recinto desportivo do Juventude Académica Pessegueirense (JAP) e provocaram estragos.

E o que tem o JAP a ver com a região de Leiria? Em princípio, nada, não fosse a vontade do GD Vidreiros em ajudar este clube, a 200 quilómetros de distância.

Pela televisão, a vice-presidente do clube marinhense, Franscisca Simões, viu imagens do incêndio a chegar ao relvado do Pessegueirense, e pensou: “E se fossemos nós?”

Decidiu colocar mãos-à-obra e ajudar este clube, igualmente amador e focado na formação de jovens atletas. A região uniu-se e vários outros clubes também aderiram a este dia solidário, que decorreu no último sábado, no Campo do Tojal, em Picassinos.

Assim surgiu um dia de “muito futebol e diversão”, que juntou desde traquinas a veteranos e promoveu 11 jogos de futebol entre equipas do GV Vidreiros, do JAP, da União Desportiva da Batalha, do Mata Mourisquense, do Atlético Clube Marinhense e da Universidade de Aveiro.

Com a entrada a três euros, todas as receitas dos bilhetes e do bar que serviu almoços iriam para o JAP. No total, foram angariados 1.517 euros, um valor que deixa o clube marinhense orgulhoso. “Pareceu que estávamos a juntar duas famílias numa casa”, comentou Francisca Simões.

Além dos jogos de futebol, houve vários prémios e iniciativas que cativaram os participantes. A União de Leiria também participou no evento, com a oferta de uma t-shirt autografada através do sorteio dos bilhetes de entrada.

Os bombeiros também fizeram parte desta festa e foram homenageados, nomeadamente as corporações do Juncal (Porto de Mós) e Sever do Vouga, que aceitaram o convite para estar presentes e entraram em campo, de mãos dadas, com os jogadores.

“Foi um dia espectacular. Não contávamos com um dia tão preenchido e com tantas pessoas a querer participar”, realçou Tiago Martins, presidente do JAP, que marcou presença no evento.

O dirigente assume que ficou surpreendido com esta atitude. “Nunca pensámos que, quase a 200 quilómetros de distância, houvesse algum clube a lembrar-se de nós.”

Mas houve e, agora, os mais de 1.500 euros angariados vão permitir arrancar algumas obras no complexo desportivo do JAP. O incêndio afectou uma parte do relvado, balneários, a vedação à volta do campo e a iluminação.

O clube aguarda pelo apoio do fundo de catástrofes da Federação Portuguesa de Futebol e, enquanto ele não chega, a verba angariada na Marinha Grande será aplicada em “pequenas obras” iniciais, essencialmente na iluminação, para o clube retomar os treinos nas suas instalações.