Sociedade
Docente do Politécnico de Leiria cria manual para introduzir desportos de disco no 1.º ciclo e jardins de infância
Os desportos de disco debruçam-se também sobre o espírito de jogo, utilizando a auto-arbitragem
Da autoria de José Amoroso, a Federação Mundial de Desportos de Disco (WFDF sigla em inglês) lançou o manual de Introdução aos Desportos de Disco nas Escolas, destinado aos professores do 1.º ciclo e jardins-de-infância de vários países do mundo, com o objectivo de disseminar os desportos de disco a um maior número de alunos.
O professor do Politécnico de Leiria e presidente da Comissão do Desporto Universitário e Escolar da WFDF/Comissão da Juventude e do Desporto explica que no jardim-de-infância as crianças contactam com o lançar e o receber (habilidades motoras) do disco com jogos, com um destaque “para a componente mais lúdica, que tem aqui uma riqueza diferenciadora”.
De acordo com o também antigo presidente da Associação Portuguesa de Ultimate e Desportos de Disco (APUDD), “há indicadores de que o Governo queira dar um maior número de horas à educação física no 1.º ciclo”, pelo que esta pode ser “uma oportunidade para alavancar e potenciar os desportos de disco”.
José Amoroso acrescenta que os desportos de disco debruçam-se também sobre o espírito de jogo, utilizando a auto-arbitragem, revelando que, no Ultimate, no final de cada encontro, as duas equipas cumprimentam-se e discutem entre si o que correu bem e pior.
Segundo o docente, os desportos de disco têm a “valência ao nível das capacidades motoras (condicionais e coordenativas), com destaque para a orientação espacial, entre outros fatores que são muito positivos para o desenvolvimento, numa altura em que falamos de literacia física”.
Além disso, assumem valências idênticas a muitos dos desportos colectivos, nomeadamente ao nível da “velocidade, resistência, força e flexibilidade”. Por isso, “se forem leccionados no jardim-de-infância, podem ter um impacto bastante positivo, ao nível da coordenação motora, coordenação óculo-manual, o equilíbrio e orientação espácio-temporal”.
José Amoroso constata que muitos dos estudantes que entram à licenciatura de Desporto e Bem-Estar da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais chegam “desprovidos de valências ao nível da motricidade”. Por isso, acredita que introduzir esta prática desportiva desde pequenos “procura inverter estes fatores de ordem motora e incluir a parte dos valores”.
Para o professor os valores passados desta modalidade são umas das mais-valias: “Se ‘confrontarmos’ as crianças com esta situação de auto-arbitragem desde cedo, obviamente devidamente conduzido, é um factor predominante para terem de olhar para as suas ações e o que elas causaram aos outros. Com isso a comunicação melhora. Numa altura em que as pessoas falam cada vez menos há aqui há algo que é fundamental.”
O manual está escrito em inglês, mas poderá ser traduzido na língua do próprio País, o que acontecerá em Portugal, e está disponível em formato electrónico. O documento apresenta todas as disciplinas dos discos, os seus diferentes equipamentos, instruções para ensinar competências básicas e 30 actividades diferentes para o contexto das escolas do 1.º ciclo e dos jardins-de-infância.