Sociedade

Desalojados em Vieira, Leiria e Pombal. "Pareciam bolas de fogo a cair em cima da gente"

19 out 2017 00:00

Na Vieira, o lume aos remoinhos destruiu memórias de 40 anos em segundos. Em Pombal, Alice ficou sem as suas coisinhas

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Quando, no domingo à tarde, na zona dos Talhões, Vieira de Leiria, a normalidade foi interrompida por momentos de autêntico terror, Filipe Pereira viu-se em circunstâncias que as palavras não chegam para descrever. "Pareciam bolas de fogo a cair em cima da gente", explica, regressando às horas de maior aperto vividas na casa dos sogros, que é, ao mesmo tempo, o seu local de trabalho como mecânico que gere o próprio negócio. Agora é ele – e a mulher, Liliana Leal – que dá abrigo aos sogros, porque a residência de Joaquim Santo e Leonor Monteiro se encontra impossível de habitar.

Ali, nos Talhões, "o problema maior" foi um pedaço de terra no fim da rua invadido por silvas com metros de altura. O vizinho "já andava há mais de um ano" a queixar-se junto da Protecção Civil, da autarquia e da GNR, mas as autoridades alegavam não conhecer o proprietário do terreno. "Nunca ninguém se preocupou, foi preciso haver esta desgraça", queixa-se Filipe Pereira. "Caíram as fagulhas em cima daquilo, foi um rastilho de pólvora, as chamas saltavam por cima do pátio do meu vizinho. Incendiaram-me os carros, arderam os anexos ao meu vizinho, a garagem, a casa dele". 

Na oficina arderam várias viaturas de clientes, equipamentos, paredes, telhado. "Tem de ser toda refeita" porque "está tudo destruído", lamenta Filipe Pereira. Os prejuízos são avultados, mas há seguro. Salvou-se o mais importante, as pessoas. Liliana Leal, os dois filhos menores e os pais fugiram primeiro, Filipe Pereira e um primo depois. O lume "fazia remoinho", os pinheiros tombavam. "A preocupação foi sair. Pareciam bolas de fogo a cair em cima da gente. O meu vizinho igual. Quando começaram a rebentar as janelas da casa dele e o fogo a entrar pela casa adentro, agarrou no carro, na filha e na mulher e a solução foi fugir", contou ao JORNAL DE LEIRIA. Ali perto, Armando Vicente andava terça-feira de balde e pincel na mão, a marcar com tinta os pinheiros que são para abate. Uns 40 só ali nos Talhões. "Há-de vir aí hoje o indivíduo que negoceia isto, a ver quanto é que ele me dá". Outros pinhais que tem na zona – "uma meia-dúzia" – estão no mesmo estado. "Ardeu tudo, tudo. Não ficou um".

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