Editorial

Várias famílias, um só coração

6 fev 2025 08:04

Para uma criança que viaja sozinha para um país estranho, esta rede de apoio e conforto pode fazer toda a diferença

Num mundo cada vez mais marcado pela competição, pelo individualismo e pelas desigualdades, há gestos que se destacam e diferenciam, pela sua generosidade, altruísmo e solidariedade. É o caso das “famílias do coração”, que damos a conhecer no trabalho de abertura deste jornal, e que são apenas algumas das várias que abrem as portas das suas casas, dos seus agregados familiares e dos seus sentimentos, a crianças guineenses que sofrem de doenças cardíacas graves e necessitam de tratamentos médicos em Portugal.

Unidas em torno de uma causa alimentada e dinamizada pela associação ANA, que tem como lema “Acolher, Nutrir e Amar”, estas famílias de acolhimento oferecem não apenas o alojamento e alimentação, mas também afecto, segurança e apoio emocional.

Para uma criança que viaja sozinha para um país estranho, sujeita a um confronto de culturas e a tratamentos médicos invasivos, esta rede de apoio e conforto pode fazer toda a diferença. Nas crianças, mas também em quem as acolhe.

Como se pode confirmar pelos testemunhos partilhados, as famílias anfitriãs sentem este projecto, como “um projecto de amor”, em que recebem “muito mais” do que dão. Só assim, por terem a consciência de que estão a fazer a diferença na vida das crianças que acolhem, conseguem superar “o vazio que fica” a cada despedida.

Exemplos inspiradores como estes, que beneficiaram mais de 200 crianças naturais da Guiné-Bissau, mostram que é possível a sociedade civil mobilizar-se para transformar vidas e construir um futuro melhor, reforçando os laços culturais e emocionais entre dois países que falam a mesma língua.

Designadas oficialmente como “famílias do coração”, bem podiam passar a ser conhecidas como as “famílias com coração… de ouro”.