Opinião

Novas profecias

18 abr 2025 10:20

A Europa deixou-se deslumbrar pela falência da União Soviética e, ingenuamente, foi criando os ideais de uma união europeia fraterna, protetora, rica e… tecnocrata

Já durava muito este sossego de um mundo sereno, adormecido pelos ideais da globalização. (Isto é! Se não contarmos com “coisas menores”, como a destruição por guerras e fomes de mais de metade de África e pelo empobrecimento progressivo de vastas regiões do mundo. Não falamos desses casos. Nem da destruição sem retorno da nossa Casa-Mãe pelas alterações climáticas).

De repente abre-se uma nova linha de tensão entre o “ocidente” e o “oriente”, entre o Ocidente e a China, já prevista por alguns sociólogos no dealbar do novo milénio. A Europa, é verdade, assolada por duas guerras traumáticas no espaço de 30 anos, mantida em paz até aos anos 90 do século XX pelo equilíbrio da “Guerra Fria”, deixou-se deslumbrar pela falência da União Soviética e, ingenuamente, foi criando os ideais de uma união europeia fraterna, protetora, rica e… tecnocrata.

E enquanto os Estados Unidos nos foram protegendo e alimentando a NATO, a Europa, traumatizada por um século XX sangrento (a Alemanha por duas vezes derrotada!) não teve interesse em falar na sua defesa, nem em pensar o futuro geopolítico. Os assuntos sensíveis eram falados em surdina e “empurrados com a barriga”.

Até que a Rússia, humilhada e desprezada no pós guerra fria, invade a Ucrânia. Finlândia e Suécia, que conhecem bem os russos, não hesitam em pedir imediatamente a adesão à NATO; a Polónia reforça a sua defesa com um orçamento que já só um país rico consegue manter; a Roménia prepara-se, a Alemanha ainda hesita; a França e a Inglaterra falam alto para se fazerem ouvir...

Como se não bastasse, Trump, “o grande manipulador”, chega novamente ao poder, numa nação em decadência, que mais tarde ou mais cedo entrará em guerra civil. Sem uma visão do mundo, Trump tem, em contrapartida, essa arrogância de quem sabe bem o que quer, no seu interesse e dos seus amigos.

E o Médio Oriente é o que se vê: Israel, para se vingar e sentir-se seguro, não hesita em praticar o genocídio. E o mundo ocidental, numa hipocrisia desapiedada, pouco faz pelos palestinianos.

Entretanto a China, insultada pelos EUA, continua a criar um exército poderosíssimo, com tecnologia avançadíssima, com a sua paciência e discrição milenar, vai formando alianças consistentes.

E daqui a 5 anos avançará, sem medo, para recuperar um espaço que é seu: Taiwan. Num mês, ou menos, tomará a ilha e confrontará então o mundo “ocidental” com a possibilidade de um conflito mundial. Que parece inevitável, tendo em conta o que conhecemos da Humanidade e da sua História.

Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990