Opinião

JO: os nossos e os dos outros

3 ago 2024 16:29

Nem os Óscares, nem os Nobel, nem o Festival da Eurovisão, por exemplo, conseguem mobilizar desta maneira todo o planeta

E aí estão eles em todo o seu esplendor, os Jogos do nosso contentamento, o maior espetáculo des-portivo do mundo, que de 4 em 4 anos o mantém atento a um conjunto de modalidades e heróis que passam completamente ao lado da maioria de nós no resto do tempo, mas que tem o dom de ser o evento mais universal da nossa civilização.

Nem os Óscares, nem os Nobel, nem o Festival da Eurovisão, por exemplo, conseguem mobilizar desta maneira todo o planeta, cada país sintonizado com os seus heróis e as suas modalidades favoritas, e todos à procura do orgulho que vem com a glória do triunfo ou pelo menos com a obtenção de uma medalha.

Por outro lado, quase ninguém, a não ser os atletas e as pessoas ligadas ao fenómeno desportivo, tem noção do turbilhão de sentimentos e dos sacrifícios exigidos a quem planeia a sua vida em ciclos de 4 anos, tirando do seu corpo tudo o que ele pode dar para poder estar entre os eleitos de todo o mundo nesta altura.

Falo principalmente dos atletas, mas não é justo esquecer que há um conjunto ainda mais alargado de pessoas, técnicos, juízes, dirigentes, voluntários e toda a gente que contribui para pôr de pé uma organização desta dimensão, e que partilham essa condição de quase invisibilidade, mesmo se passam os dias a afinar o corpo e dedicar horas sem fim para que todos nos possamos sentir um pouquinho mais orgulhos quando vemos a bandeira a subir no mastro ou, principalmente, ouvimos o hino a tocar.

E falando de atletismo, quem nos poderá resgatar das tristezas diárias com esses fugazes momentos de felicidade? À partida qualquer um que inicia a competição tem ambição a sonhar e com ligações a Leiria há duas atletas que vão estar presentes, Irina Rodrigues no lançamento do disco a tentar a qualificação a 2 de agosto para a final e Eliana Bandeira a fazer o mesmo no dia 8.

Mas há mais, desde o candidato ao ouro Pedro Pichardo (triplo salto) às fortes candidatas à medalha no resto da comitiva, Agate Sousa (salto em comprimento) e Liliana Cá (disco), é legítimo esperar que o atletismo continue a enriquecer o medalheiro nacional.

Quanto ao mais, desfrutem da beleza do atletismo e estejam atentos às finais dos 100 metros, homens e mulheres, à tentativa de Noah Lyles de bater o recorde mundial dos 200 metros de Usain Bolt, aos 400 metros barreiras mulheres (Femke Bol vs Sid-ney Mclaughlin), ao salto à vara masculino (Duplantis baterá novamente o seu recorde do mundo?), ao desafio ciclópico da holandesa Sifan Hassan (correr os 1500 metros, os 5000 metros, os 10000 metros e a maratona na mesma edição) e por fim à despedida olímpica de Eliud Kipchoge a tentar o inédito 3.º ouro consecutivo na maratona.

É tempo de relaxar, sentar em frente ao televisor e admirar a beleza deste magnífico desporto.

Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990