Opinião

Heróis do Olimpo

1 set 2024 10:15

Os Jogos são um evento universal e os seus heróis devem ser celebrados por todos porque a excelência não tem fronteiras

Findos os Jogos e com eles encerrado mais um ciclo olímpico que de 4 em 4 anos dá ao mês de agosto um brilho especial, é tempo de celebrar aqueles que pelos seus feitos entram para a história do desporto e serão lembrados por quem assistiu às suas performances na pista.

Este ano não tivemos ouro no atletismo, mas a modalidade continuou a contribuir para o medalheiro do País com a prata do Pedro Pichardo no triplo. Por outro lado, e como leiriense, fiquei muito orgulhoso de ver a nossa Irina na final do lançamento do disco.

Mas os Jogos são um evento universal e os seus heróis devem ser celebrados por todos porque a excelência não tem fronteiras. E é isso mesmo que aqui proponho, assinalar alguns dos melhores resultados destes Jogos e destacar as figuras que vão levando a nossa modalidade aos destaques noticiosos de todo o mundo.

Começo pelos recordes mundiais alcançados pelo sueco Armand Duplantis (6,25m no salto com vara) e pela norte-americana Sydney Mclaughlin-Levrone (50.37s nos 400m barreiras), dois dos maiores símbolos da modalidade no presente, especialmente o varista que à hora a que escrevo acrescentou mais um centímetro ao recorde que obteve em Paris.

E tendo em conta a sua idade (24 anos) e margem de progressão, continuará seguramente a deslumbrar-nos nos próximos anos. A norte-americana é igualmente uma atleta extraordinária (somou outro ouro na estafeta de 4x400m), mas pelo seu perfil mais discreto não tem a mesma visibilidade e mediatismo do sueco.

Destaque ainda para Gabby Thomas (EUA) com 3 ouros (100m e as duas estafetas), Beatrice Chebet (Quénia) com 2 ouros individuais aos 5.000m e 10.000m e para o terceiro ouro consecutivo de Faith Kipyegon (Quénia) nos 1.500m. Na prova dos 100 metros, para muitos a mais mediática dos Jogos, tivemos uma surpresa no feminino, Julien Alfred (Santa Lucia) e uma confirmação no masculino, Noah Lyles (EUA), que vinha com uma expetativa (mais 2 ouros) que acabou gorada.

Também o norueguês Jakob Ingebritssen ficou aquém do que esperava, não conseguindo medalha nos 1.500m embora fosse ouro nos 5.000m. No entanto o meu destaque final vai para Sifan Hassan que alcançou algo que desde o grande Emil Zatopek mais ninguém tinha conseguido: medalhas de ouro nos 5.000m, 10.000m e maratona. O atleta checo fê-lo numa só edição (1952) mas ainda assim o que a atleta holandesa conseguiu, juntar o ouro dos 5.000m e 10.000m em Tóquio (2020) ao título da maratona com recorde olímpico nesta edição de 2024 é algo de extraordinário.

Mais notável é saber que foi também medalha de bronze naquelas duas especialidades em Paris, o que significa que em pouco mais de uma semana correu ao mais alto nível 62,5 quilómetros! Uma tarefa julgada impossível, mas que a sua coragem, crença e determinação tornaram realidade.

Texto escrito segundo as regras do novo Acordo Ortográfico de 1990