Opinião

Cinema e TV | Black Mirror temporada 7: espelhos que já vimos antes

25 abr 2025 08:37

Para quem gosta de uma série com elementos de ficção científica, não há como negar, Black Mirror continua a ser uma experiência obrigatória

Black Mirror continua a ser uma das minhas séries favoritas, mas não posso deixar de sentir que tem perdido algum do seu brilho original. A sensação de novidade, de estar a ver algo disruptivo e profundamente perturbador, foi-se diluindo com o tempo — muito por culpa da reciclagem de ideias já exploradas nas temporadas anteriores.

A série, que antes se aventurava por futuros distantes e cenários mais ousados, aproxima-se cada vez mais de um amanhã demasiado próximo. Isso pode chocar quem chega agora à série, mas para os fãs de longa data, pode soar a “já visto” – e isso não significa que é mau.

Desta vez, decidi abordar a temporada 7 classificando os episódios do mais forte ao mais fraco. O meu favorito foi o episódio 1, “Common People” — uma lufada de ar fresco. Inovador na narrativa, com elementos ainda não abordados e perigosamente próximos da realidade. Um episódio que mostra que Black Mirror ainda sabe surpreender.

Em segundo lugar, “Eulogy” (ep. 5). Apesar de usar uma tecnologia já familiar, a forma como constrói o suspense e desenvolve as personagens é das melhores da série. Direção sólida, bom ritmo.

“Plaything” (ep. 4) ocupa o terceiro lugar. Gosto do estilo à Bandersnatch, com um toque de nostalgia retro-gaming. A ambiguidade final deu-lhe um charme especial.

“USS Callister: Into Infinity” (ep. 6), tecnicamente impecável, com atuações de alto nível. Contudo, a ligação à história original pareceu-me forçada. Talvez ver o episódio da temporada 4 antes ajudasse, mas não senti grande motivo para esta continuação. O final, em particular, desiludiu-me.

Por fim, “Bête Noire” (ep. 2) e “Hotel Reverie” (ep. 3) ficam empatados. São episódios sólidos, mas pouco marcantes. No caso de “Hotel Reverie”, a escolha da Issa Rae quebrou-me a imersão. Emma Corrin merecia uma parceira mais equilibrada — emocionalmente, podia ter sido muito mais forte.

Em suma, não é das melhores temporadas, mas mais sólida que algumas anteriores. Para quem gosta de uma série com elementos de ficção científica, não há como negar, Black Mirror continua a ser uma experiência obrigatória.