Opinião

Acertar onde dói mais

19 jul 2025 10:32

Os consumidores de todo o mundo estão a ser sujeitos à venda de produtos manchados de sangue palestiniano

É incrível de ver todo o poder de opressão do Estado mais poderoso do mundo mobilizado contra uma única mulher, por ter escrito um relatório. É um mui irónico e esclarecedor episódio de David contra Golias: Francesca Albanese tocou num nervo! Os genocidas aguentam com desdém e escárnio as denúncias, as manifs, os textos de jornal e as publicações nas redes sociais - terrenos onde controlam bem a narrativa, e onde até agora só eram visíveis os horrores no ponto de chegada. Mas desta vez, algo mudou.

O relatório que a ONU publicou fez uma coisa que (ainda) envergonha qualquer um: mostrou as perniciosas e lucrativas ligações económicas que existem entre o Estado de Israel e seus aliados ocidentais, e o seu projeto genocida para a Palestina. Ficou demonstrada a economia do genocídio. Revelaram-se com muita clareza as ligações das grandes empresas que todos adoramos com os crimes da ocupação, desde o que comemos, passando pela tecnologia, acabando no como chegam até nós.

Apesar de completamente ilegal, os consumidores de todo o mundo estão a ser sujeitos à venda de produtos manchados de sangue palestiniano. A ideia de impor sanções e embargos a estas marcas foi o que acordou o monstro norte-americano - não mexam no meu dinheirinho! - e tudo isto nos mostra uma coisa: temos de boicotar as empresas mencionadas neste relatório de todas as formas que nos forem possíveis, para as pressionar a pararem de compactuar e lucrar com a barbárie.

Amazaon, Microsoft, Google, Airbnb, Booking, Chevron, BP, CAT, Volvo, Unilever, PepsiCo, Coca-Cola… a lista é infinita e podemos conhecê-la à medida que fazemos as nossas compras. Com apps como a “No Thanks” ou a “Boycat” podemos fazer pesquisas rápidas que nos permitem boicotar e escolher melhor.

Em vários países, boicotes já obrigaram empresas como a McDonald’s a fechar restaurantes. É possível mudar o rumo das coisas, se nos juntarmos aos movimentos organizados. E o consumo é uma das formas de acertar onde dói mais! Adiram ao movimento BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções), informem-se lendo o relatório “From Economy of Occupation to Economy of Genocide” e ajam! Por amor à Humanidade! 

Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990