Desporto

Vuelta: Almeida sabe que só pode ganhar com uma UAE Emirates unida

1 set 2025 18:34

O melhor voltista nacional da actualidade definiu a sua prestação na Vuelta como "excelente" até ao momento

vuelta-almeida-sabe-que-so-pode-ganhar-com-uma-uae-emirates-unida
Ciclistas cumprem hoje dia de descanso
UAE Team Emirates
Redacção/Agência Lusa

João Almeida reconhece que só com uma UAE Emirates unida pode ganhar a Vuelta, que tem sido “excelente” para o ciclista português, ciente de que precisa de ser o mais forte para anular a diferença para Jonas Vingegaard.

“Acho que tem sido bastante bom, tenho estado bem em todas as etapas – chegadas em alto, contra-relógio por equipas. Tem sido bastante positivo e falta muita Vuelta, o mais duro ainda está para vir. Tem tudo para correr bem”, resumiu o terceiro classificado da 80.ª Volta a Espanha.

No primeiro dia de descanso desta edição da prova espanhola, o melhor voltista nacional da actualidade conversou com jornalistas portugueses e definiu como “excelente” a sua prestação até ao momento, sobretudo atendendo ao facto de ter iniciado a Vuelta sem dias de competição após ter fraturado uma costela no Tour e de ter chegado com dúvidas quanto à forma em que estava.

A videoconferência do corredor da UAE Emirates incidiu maioritariamente sobre as tácticas (dúbias) da sua equipa, nomeadamente na nona etapa, quando estava sozinho no momento em que Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike) atacou.

“De facto, foi um ataque surpresa bastante inesperado e agora, depois de tudo, seria fácil tomar decisões diferentes naquela altura, mas faz parte. Demos o nosso melhor e acho que ‘salvámos o dia’, estamos satisfeitos”, resumiu.

Terceiro na geral, a 01.15 minutos do norueguês Torstein Traeen (Bahrain Victorius) e a 38 segundos do dinamarquês, que é segundo, Almeida lamentou no domingo não ter tido ajuda nos quilómetros finais da nona etapa, mas hoje ‘corrigiu’ essas afirmações.

“Na altura, as coisas saem assim mais de cabeça quente. Acho que a minha equipa esteve muito bem, protegeu-me o dia todo, mesmo na altura que a fuga se formou. Se calhar, na altura do ataque [de Vingegaard] não estivemos no nosso melhor, mas tive um Jay Vine incrível. Mesmo depois de ter estado o dia todo a trabalhar e de ter tentado ir para a fuga, deu-me ali uma bela ajuda e fez a diferença”, destacou.

O líder da UAE Emirates ressalva, contudo, que poderia ter tido mais apoio “quando a Visma atacou em grupo” na subida à Estação de Esqui de Valdezcaray. “Aí sim, podia ter alguém que me pudesse ajudar. Se calhar, um [Juan] Ayuso se estivesse ali, podia ser dos poucos corredores que poderia fazer o trabalho de fechar aqueles espaços. Mas para isso é preciso ser forte e, para se ser forte, tem de se ser mais forte do que quem está na frente. E quem está na frente é alguém que já ganhou a Volta a França duas vezes”, notou.

Sem nunca mencionar directamente aquele que partiu como seu co-líder e que pouco ou nada tem ajudado às suas pretensões na geral, Almeida garantiu que “se tivesse capacidade” faria o trabalho que o espanhol não tem feito.

“Não é fácil. Nos últimos sete quilómetros, já íamos muito poucos. E quem conseguisse fazer isso, era porque seria tão forte como eu ou mais forte e seria ele o líder, não seria eu”, completou, insistindo na ideia de que agora é ele o único chefe de fila da UAE Emirates.

Consciente de que “claramente” sem equipa em seu redor não poderá ganhar a Vuelta, Almeida revelou que faz questão de dizer obrigada aos colegas que fizeram um bom trabalho, mas não evitou deixar um reparo: “Não posso falar de todos, mas no geral a equipa tem estado bastante bem e o objetivo [da geral] é claro”.

O terceiro classificado do Giro2023 e quarto do Tour2025, da Vuelta2022 e do Giro2020 defendeu que não pode exigir ter uma liderança solitária como acontece com Tadej Pogacar, lembrando que o ‘extraterrestre’ esloveno “dá mais garantias e tem uma capacidade superior” à sua.

“Estamos aqui na Vuelta e claramente sabemos que o Vingegaard é um corredor superior e dá mais garantias de ganhar a Volta a Espanha do que eu, embora saiba que estou na luta e sei do meu valor. É um bocadinho diferente e a equipa não pode fazer exatamente o mesmo que faz com o Tadej”, pontuou.

Ainda assim, e embora reconheça a superioridade do ciclista da Visma-Lease a Bike, o português acredita que ainda há muito terreno para anular a desvantagem para o dinamarquês, que venceu a Volta a França em 2022 e 2023 e foi segundo classificado nesta edição, assim como em 2021 e 2024.

“Amanhã [terça-feira] já temos etapa de chegada em alto, que também é dura. No dia seguinte, temos a etapa de Bilbau, que também é muito traiçoeira. […] Depois temos o Angliru, o dia a seguir também é bastante duro. Aqui não há grande segredo, é só ter pernas e força para ganhar tempo na estrada. É uma Vuelta muito dura, com muitas chegadas em alto. A única forma de ganhar tempo é realmente ser mais forte”, concluiu.

A 80.ª Volta a Espanha, que arrancou em 23 de agosto em Turim (Itália) e termina em 14 de setembro, em Madrid, cumpre hoje o primeiro dia de descanso, regressando à estrada na terça-feira numa 10.ª etapa que vai ligar Sendaviva a El Ferial, no total de 175,3 quilómetros.