Desporto
União de Leiria usada para lavagem de dinheiro? Alexander Tolstikov, líder da SAD, ouvido hoje em Tribunal
Director-executivo da SAD e assessor da administração também detidos numa operação policial que produziu seis arguidos por alegadas ligações ao crime organizado com origem na Rússia.
Há três detidos: o presidente da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) da União de Leiria (o russo Alexander Tolstikov, nascido há 43 anos em Chisinau, na actual Moldávia), o seu principal assessor (também estrangeiro) e o director-executivo da SAD leiriense.
São presentes hoje, quinta-feira, a primeiro interrogatório judicial, junto do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, para aplicação das respectivas medidas de coacção, de acordo com a agência Lusa, que cita fontes da Polícia Judiciária.
A operação Matrioskas, desencadeada anteontem, tem por alvo negócios da DS Investment – o maior investidor da SAD – que alegadamente utilizam o futebol da União de Leiria como placa giratória para a lavagem de dinheiro, entre outros lícitos.
Das suspeitas da prática dos crimes de branqueamento de capitais, fraude fiscal, corrupção, associação criminosa e falsificação de documentos, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), resultaram também a constituição como arguidos de um advogado com escritório em Lisboa, que se encontra em liberdade, sujeito a termo de identidade e residência, a medida de coacção mais leve prevista na lei portuguesa, da própria SAD e do clube.
O dinheiro injectado em Leiria pela DS Investment, empresa que integra o grupo russo D-Sports e é liderada por Alexander Tolstikov, circulava por Portugal, Reino Unido, Letónia, Rússia e offshores nas Ilhas Seicheles, de acordo com o Expresso.
Um comunicado da Europol confirma que a operação Matriokas permitiu desmantelar uma presumível célula de uma importante rede mafiosa russa, responsável pelo branqueamento de muitos milhões de euros desde 2008. As transferências de jogadores do Leste da Europa para Portugal serviram o esquema, mas não eram o único expediente.
Em Leiria, as autoridades seguiam esta pista há mais de um ano e querem ver explicados os fluxos financeiros que detectaram, em dinheiro vivo e não só.
A investigação liderada pelo Departamento de Investigação Criminal (DIC) da Polícia Judiciária (PJ) de Leiria decorre desde o início de 2015 e as detenções de Alexander Tolstikov, do seu assessor e do director-executivo da SAD aconteceram na noite de terça-feira.
Antes, durante o dia, no âmbito do inquérito titulado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), foram executadas 22 buscas domiciliárias e não domiciliárias que "permitiram apreender material com relevante interesse probatório", refere a PJ.
Abrangeram residências particulares, empresas, viaturas, escritórios de contabilidade e um escritório de advocacia, os estádios de futebol de Braga e Leiria e as SAD da União de Leiria, do Sporting Clube de Portugal e do Sport Lisboa e Benfica (muito embora Braga, Benfica e Sporting não sejam objecto de investigação e apareçam apenas como destino de futebolistas que passaram pela União de Leiria).
Leia mais na edição impressa ou torne-se assinante para aceder à versão digital integral deste artigo.