Desporto

Uma Consoada cheia de sonhos, para o norte-americano goleador

24 dez 2015 00:00

A família de Tiago Santos, treinador-adjunto do GD Peniche, vai abrir as portas da Consoada ao norte-americano Matt Oduaran que persegue em Portugal o sonho de ser futebolista profissional

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O que faz em Peniche, em plena época natalícia, um cidadão dos Estados Unidos da América?

Não, não se trata de mais um fã das ondas perfeitas de Supertubos e seguidor dos passos de Kelly Slater. Também não é um golfista a gozar uma reforma dourada e a aproveitar os vários campos que existem na região.

Por incrível que pareça, na cidade está um norte-americano por causa do... futebol. Vamos contar a história desde o princípio. A cultura desportiva norte-americana dá primazia a quatro modalidades colectivas.

Futebol americano, baseball, hóquei no gelo e basquetebol têm sido, ao longo dos tempos, aquelas que mais adeptos cativam. Do outro lado do Atlântico, o soccer, como eles lhe chamam, tem vindo a ganhar alguma expressão, sobretudo pela importação de verdadeiros craques em final de carreira, como David Villa, Kaká e Frank Lampard.

Apesar do nosso futebol estar a ganhar terreno, os miúdos continuam, ainda assim, a preferir os touchdowns, os home runs, os afundanços e os face-offs. Curiosamente, esse não foi o caso de Matt Oduaran.

E porquê? Porque o pai, nigeriano, foi futebolista e sempre foi encaminhando os dois filhos rapazes para os pontapés na bola. “Quando éramos crianças, com três ou quatro anos, ele mostrou-nos o jogo e ficámos curiosos. Cheguei a jogar basquetebol e fiz atletismo, mas preferi o futebol”, salientou o atleta.

Cedo mostrou valor e acabou por entrar para a academia do DC United, equipa da MLS – Major League Soccer, principal competição da modalidade nos Estados Unidos. Fez a evolução no clube da capital até à primeira equipa, ao mesmo tempo que fazia o percurso universitário na Universidade de Maryland.

Em 2012 fez a pré-temporada no DC United, mas mandaram-no para a divisão inferior para poder ter mais tempo de jogo. “Decidi que queria ir para a Europa, porque era onde estavam todos os meus jogadores preferidos.

Um agente viu-me a jogar e perguntou se queria ir para a Islândia. Aceitei. No ano passado estive no Tirsense e agora estou em Peniche.”

E chegamos ao Natal. Como é natural, o futebolista não vai poder ir até Middletown. Será a terceira vez consecutiva que estará privado daqueles que mais estima. “Falo com a minha família pelo telefone e pelo FaceTime.

Gostava de estar em casa, mas fico bem. Não sou uma bonequinha para ficar triste. Até porque estou longe a lutar pelos meus objectivos”, diz Matt Oduaran. Há dois anos passou em Akureyri, na Islândia, no ano passado em Santo Tirso e este ano… na Boa Vista, Leiria.

O treinador-adjunto Tiago Santos não permitiu que houvesse uma pequena hipótese de Matt estar sozinho neste dia de família e resolveu levá-lo para casa, onde terá a companhia de sete familiares do técnico.

“Quando disse que tinha um jogador que não ia estar com a família no Natal disponibilizaram-se logo e acharam uma óptima ideia.” Será, pois, um dia diferente. “Natal sem neve é estranho”, mas ainda mais estranho, para Matt, será uma experiência gastronómica chamada bacalhau. O norte-americano não está particularmente entusiasmado com o que aí vem. “Há carne, não há?”

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