Sociedade
Testemunhas afirmam que ex-vereador de Pedrógão Grande tinha funções técnicas
Realizou-se hoje a segunda sessão da instrução do processo da reconstrução das casas de Pedrógão Grande.
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As duas testemunhas do arguido Bruno Gomes, acusado no processo de reconstrução de casas ardidas no incêndio de Pedrógão Grande, em 2017, afirmaram hoje ao Tribunal de Leiria que o ex-vereador tinha apenas funções técnicas.
Na segunda sessão da fase de instrução, o engenheiro António Silva, testemunha indicada por Bruno Gomes, afirmou que trabalhou cerca de 13 anos com o ex-vereador do Município de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria.
“O Bruno tinha funções técnicas ligadas às obras e ao PDM [Plano Director Municipal], mas nunca perdeu essas funções, mesmo quando foi vereador”, referiu, ao revelar que o cargo de técnico nunca foi substituído quando entrou para o executivo.
Segundo esta testemunha, quando se começaram a fazer os levantamentos das casas que tinham ficado danificadas ou destruídas no incêndio de junho de 2017 não se sabia que habitações seriam contempladas com o apoio do Estado. “Falava-se que eram habitações permanentes, mas nem se sabia bem o que isso queria dizer.”
Outra testemunha ouvida hoje no Tribunal de Leiria foi José Graça, ex-vereador e vice-presidente da Câmara de Pedrógão Grande, que também confirmou as funções “técnicas” que Bruno Gomes tinha, mesmo enquanto vereador.
“Ele fazia a parte de vereação e era técnico, porque a câmara nunca nomeou ninguém para o substituir”, disse, explicando que as funções após o incêndio foi de “receber os requerimentos das pessoas e verificar”.
À pergunta: “Quem se pronunciava sobre os fundos?” respondeu que “a última assinatura era do presidente.” José Graça é também uma das quatro testemunhas indicadas por Valdemar Alves, presidente da Câmara, também arguido neste processo. O ex-vereador afirmou que era o “senhor presidente que liderava o processo das casas”.
Questionado pelo advogado de Valdemar Alves, a testemunha acrescentou que o GORR e o fundo Revita funcionavam fora da Câmara. “Qual a diferença de tarefas? Não me recordo.”
No próximo dia 16, serão ouvidas as restantes três testemunhas indicadas por Valdemar Alves, que não vai prestar declarações na fase de instrução. Devido à falta de funcionamento dos microfones da sala – situação que já tinha ocorrido na segunda-feira - a juiz de instrução proferiu um despacho para que na próxima sessão a situação esteja reparada, para que a audiência se possa realizar sem constrangimentos.