Sociedade
Suspeito de burla “olá mãe, olá pai”, detido pela PJ de Leiria
Homem de 41 anos usava mais de 200 números telefónicos em simultâneo e enviava milhares de mensagens por dia
O Departamento de Investigação Criminal de Leiria da Polícia Judiciária (PJ) anunciou esta sexta-feira, 17 de Novembro, a detenção de um homem de 41 anos, suspeito de burlar mais de duas centenas de pessoas através do método “Olá mãe, olá pai”, que consiste no envio de mensagens através do whatsApp, solicitando às vítimas o envio de dinheiro.
As pessoas burladas, muitas delas de idade avançada, dispunham-se a efectuar transferências, que em alguns casos, ascenderam a milhares de euros, acreditando que estavam a falar com os filhos e que estes se encontravam em dificuldades financeiras ou a necessitar de cumprir pagamentos urgentes.
Para concretizar a burla, e alcançar o maior número de contactos possível, o suspeito, de nacionalidade estrangeira, usava sete modem’s, com 32 cartões SIM cada um, o que lhe permitia operar com 224 números de telefone em simultâneo e enviar milhares de mensagens diariamente, explicou a PJ em comunicado.
Só na área da PJ de Leiria, foram recebidas 200 denúncias, cujo valor total ultrapassa os 100 mil euros. No entanto, os investigadores admitem que possa haver mais vítimas, quer em território nacional, quer noutros países.
Na sequência desta operação, foram apreendidos em casa do detido, além dos medem´s, mais de sete mil cartões SIM por utilizar e mais de 1.500 já utilizados em práticas delituosas.
Recorde-se que, em Outubro do ano passado, a PJ de Leiria tinha detido um jovem de 25 anos, também estrangeiro, por suspeita do mesmo tipo de burla.
Pedida intervenção do Banco de Portugal
Em reacção à detenção anunciada na manhã desta sexta-feira, o movimento Cidadãos pela Cibersegurança (CpC), emitiu uma nota a pedir medidas mais eficazes à SIBS (entidade gestora das caixas de Multibanco) e ao Banco de Portugal, para combater este tipo de burlas.
“As entidades multibanco usadas pelos burlões são ‘entidades financeiras’ autorizadas pelo Banco de Portugal desde 2017 e algumas surgem muito associadas a actividades criminosas. Os burlões registam-se nestas entidades deixando vários elementos de identificação e conseguem estar activos durante muitos anos em total impunidade e lesando milhares de cidadãos, a maioria dos quais idosos e que não chegam a apresentar queixa na Justiça”, lamenta o movimento.
Estranhando o facto do detido ter na sua posse cerca de 8.500 cartões SIM, e da compra dessa quantidade de cartões não ter disparado sinais de alerta nas operadoras de comunicações, o CpC sugere à SIBS, que além de mostrar nas ATMs o nome das entidades que geram as referências e do beneficiário final do pagamento, deve emitir também um alerta sempre que a entidade de referência estiver associada a burlas.
Dada a quantidade cada vez maior de burlas “que usam as fragilidades do sistema de Multibanco”, o movimento tem lançado vários alertas e pedidos de intervenção, até agora sem sucesso, e criou uma petição para enviar à Assembleia da República, que pode ser subscrita online.
“Todos os anos muitos portugueses são vítimas de burlas cada vez mais sofisticadas e credíveis que usam fragilidades do sistema de Multibanco. As burlas são realizadas de várias formas, em compras online, p.ex. no OLX, o nome da EDP, da Electricidade da Madeira, da PSP Porto e muitas outras.
(Notícia actualizada às 14:25 horas, com a reacção do movimento Cidadãos pela Cibersegurança)