Sociedade

Servitas de Fátima: há 100 anos a servir e a acolher peregrinos

30 jun 2024 10:00

Os Servitas prestam serviço em vários sectores do Santuário. O mais visível é o do recinto, onde colaboram na organização das celebrações.

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Presidente da Servitas, Maria José Eiró (ao centro), acompanhada de outros membros da direcção
Maria Anabela Silva
Maria Anabela Silva

O testemunho da avó, que esteve entre a multidão que, em Outubro de 1917, assistiu ao chamado Milagre do Sol, foi um elemento marcante na fé e na ligação de Maria José Eiró a Fátima e à sua mensagem e determinante na decisão de integrar os Servitas de Nossa Senhora, associação criada a 14 de Junho de 1924 pelo bispo D. José Alves Correia da Silva.

“São 100 anos ininterruptos de serviço aos peregrinos. Sempre presentes em acção cooperante com o Santuário”, assinala Maria José Eiró, presidente da associação e que é Servita há 42 anos, com promessa feita em Maio de 1982, aquando da primeira visita de João Paulo II à Cova da Iria, marcada pelo atentado do padre Krohn ao Papa. “Com a excitação do momento só soubemos do atentado à posterior”, conta Maria José Eiró, explicando que a promessa é o momento em que o Servita assume o compromisso de “servir Nossa Senhora e os peregrinos”, após um período de formação e de prática “nunca inferior a cinco anos”.

Dependentes organicamente da reitoria do Santuário de Fátima, os Servitas estão presentes nas peregrinações aniversárias, nos fins-de-semana de Abril a Novembro, nos retiros de doentes e “em todas as outras celebrações para as quais a reitoria considere necessária” a sua presença. “Os Servitas são a continuação institucional das pessoas que, nas primeiras vezes que se juntaram peregrinos na Cova da Iria, deitavam mãos àqueles que precisavam de ajuda”, salienta Maria José Eiró, frisando que hoje peregrina-se de “forma diferente”, pelo que, o apoio e o acolhimento “têm de evoluir”.

Os Servitas prestam serviço em vários sectores do Santuário. O mais visível é o do recinto, onde colaboram na organização das celebrações. Os restantes operam em locais “mais discretos”, seja no posto de socorros, que disponibliza serviços de enfermagem e cuidados médicos, na admissão de doentes à bênção, no sector de confissões, com acolhimento e encaminhamento dos penitentes, ou no lava-pés. Este último, instalado nas traseiras da Capelinha, é também o reflexo da evolução da peregrinação, nota a presidente da Servitas, referindo que, hoje, os caminhantes já fazem o percurso em condições “mais favoráveis”.

“Antes, os ferimentos eram maiores e tínhamos, sobretudo, que tratar pés. Hoje, tratamos também muitos joelhos de pessoas que fazem a ‘passadeira’, em promessa ou oferecendo sacrifícios”, especifica a presidente da Servitas, que acredita que “Nossa Senhora dá colo através das mãos de quem trata” os peregrinos. A par da experiência de ajuda aos outros, Maria José Eiró, economista reformada, aponta “os momentos de silêncio” como o mais marcante em Fátima, em alusão a uma das máximas da associação: “Em silêncio e docemente, fazer o bem”.

No cumprimento dessa missão há “pequenos milagres”, como a história que envolveu um membro da direcção, a quem se dirigiu um jovem a pedir ajuda para devolver uma carteira que tinha furtado. “Contou que, ao olhar para o andor de Nossa Senhora, se arrependeu”. O centenário da associação vai ser assinalado com várias iniciativas, onde se inclui uma exposição e a edição de um livro.