Desporto
SEF detém em Leiria empresários de jogadores indiciados por tráfico de seres humanos
Agentes desportivos terão trazido para "Os Nazarenos" dezenas de jogadores brasileiros com promessas de legalização e contratos profissionais.
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) deteve esta quarta-feira, na cidade de Leiria, dois brasileiros, agentes desportivos e responsáveis pela entrada e permanência ilegal de um número substancial de jovens futebolistas, em situação irregular, anunciou hoje esta força em comunicado.
Segundo o SEF, os arguidos estão indiciados pela prática dos crimes de tráfico de seres humanos, auxílio à imigração ilegal e falsificação de documentos.
A operação Fair Play, coordenada pelo Ministério Público, englobou buscas domiciliárias às residências dos suspeitos, a viaturas e a "Os Nazarenos", entidade que veio a ser constituída arguida, tal como o presidente da direcção, que confirmou esta informação.
Em resultado das buscas realizadas foi apreendida documentação relacionada com o esquema de angariação de futebolistas, assim como material informático e de comunicações.
Esta acção constituiu o desfecho de "meses de investigações iniciadas pelo SEF em finais de 2018".
"No final do ano passado, uma outra ação do SEF levou à identificação de cerca de duas dezenas de cidadãos estrangeiros em situação irregular, jovens futebolistas, que se encontravam alojados em áreas afectas à associação desportiva, agora constituída arguida, em condições indignas, vivendo com extremas dificuldades económicas", informa o SEF.
O SEF salienta que se "comprovou que teriam vindo para território nacional, angariados através de um esquema que envolvia vários intervenientes, e no qual os cidadãos agora detidos desempenhavam um papel crucial".
Aos jogadores, todos brasileiros, "era prometida a legalização em território nacional e a celebração de contratos profissionais como futebolistas, a troco de elevadas quantias monetárias, sendo que, em muitos casos, a vinda implicou o endividamento das respectivas famílias".
Já em território nacional os atletas eram encaminhados para "Os Nazarenos", mas "sem que qualquer das promessas fosse cumprida".
"Depois de inicialmente alojados pelos empresários em apartamentos, acabaram por ser progressivamente abandonados por estes, tendo terminado alojados, sem quaisquer condições, nas instalações onde foram identificados pelo SEF, muitas vezes, sem alimentação adequada e desprovidos de contrapartidas financeiras pela actividade desportiva desenvolvida", refere ainda a nota do SEF.
Alguns dos atletas acabaram, entretanto, por abandonar o País e outros, "inclusive com o apoio do SEF e dentro do quadro legal vigente de protecção a vítimas de tráfico de seres humanos e de acções de auxílio à imigração ilegal, aguardam a regularização em território nacional".