Sociedade
SCAPEFIRE defende redução do eucalipto em 12%
Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o projecto de investigação SCAPEFIRE, propõe um modelo de ordenamento da paisagem rural, que contribua para a prevenção dos incêndios rurais
O projecto de investigação SCAPEFIRE, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), propõe um modelo de ordenamento da paisagem rural, que contribua para a prevenção dos incêndios rurais, atendendo à sustentabilidade ecológica, económica e social da paisagem.
Uma das conclusões apontadas é a necessidade de reduzir a plantação de eucaliptos. Na região centro este tipo de floresta ocupa 17%, dos quais 12% estão mal localizados na paisagem.
As propostas são o resultado da aplicação do modelo FIRELAN à paisagem, tendo por base casos de estudo, nomeadamente nos concelhos de Leiria, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera e Pedrógão Grande.
Selma Pena, uma das coordenadoras do SCAPEFIRE, sublinha que não se trata de um modelo “contra o eucalipto”, que pode “existir no sítio certo”, mas é preciso “criar um mosaico com espécies resilientes ao fogo”, assim como transformar a paisagem promovendo a agricultura, sobretudo na envolvente dos aglomerados, restaurar as linhas de água ou impedir a edificação nos fundos de vale.
Esta arquitecta paisagista, investigadora no Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, constata que o eucalipto ocupa 17% da região Centro e o pinheiro bravo 22%. Defende, por isso, uma redução para 5% e 6%, respectivamente, sendo acompanhadas de medidas silvo-ambientais.
“Para termos resultados é mesmo preciso mudar a paisagem, introduzindo o sobreiro, o castanheiro ou o carvalho”, que podem também ter valor económico e até ganhos directos, através das espécies folhosas e da utilização de gado.
“Transformar a paisagem vai criar empresas”, reforçou durante a apresentação do projecto, que decorreu em Pedrógão Grande durante o seminário Terra Segura, organizado pela associação nacional de ambiente IRIS.
Manuela Magalhães, que também coordenou o projecto, destacou ainda o papel da agricultura familiar na paisagem, alertando que na gestão da floresta também é necessário saber lidar com a regeneração natural. A investigadora e arquitecta paisagista defendeu ainda financiamento para atrair as pessoas à floresta, criticando a falta de apoios aos pequenos e médios proprietários.