Economia
Sapataria Norte fecha portas no final do mês de Agosto
Estabelecimento de Leiria tem 58 anos de actividade
A “falta de acordo” com a Rodoviária do Lis, proprietária do edifício onde está instalada, na Avenida Heróis de Angola, em Leiria, ditou o encerramento da mítica Sapataria Norte. As portas vão fechar-se no final deste mês, depois de 58 anos de actividade.
Berta (Bé) Santo, uma das proprietárias da sapataria (o outro é o irmão, Ulisses Couto) disse ao JORNAL DE LEIRIA que há vários anos as partes vinham negociando “um conjunto de factores”, mas que não se chegou a acordo. Por isso, este desfecho não a apanhou de surpresa, embora a entristeça.
A comerciante diz que está ainda a ser avaliada a possibilidade de abrir noutro espaço, na rua de S. Francisco, mas sem certezas.
Tendo como imagem de marca o sapato gigante colocado na montra, este estabelecimento situado paredes-meias com a rodoviária de Leiria foi fundado em Abril de 1963 pelos pais de Bé, que para ali foi trabalhar há 40 anos, por insistência da mãe.
Então educadora de infância, reconhece que de início lhe “custou um bocadinho”. “Depois habituei-me”.
Berta Santo lembra que nos tempos áureos se formavam filas de jovens para comprar e pagar as famosas sapatilhas Sanjo. Ao sábado, o melhor dia de vendas, o pai costumava contratar um polícia para estar à porta.
A casa chegou a ter 18 empregadas e “para não haver guerras com as férias” fechava todo o mês de Setembro.
Os fundadores da Sapataria Norte começaram por vender calçado nas feiras e antes desta tiveram outras lojas, na Figueira da Foz, na Marinha Grande e na Nazaré.
A comerciante explica ainda a origem do nome, que não tem nada a ver com apelidos de família. “Os meus pais viajavam muito pelo país e gostavam muito do Norte”.
Era aliás nesta região que compravam muito do calçado para vender na sapataria, "apostando sempre na qualidade e no fabrico nacional”.
Quase 60 anos depois, chega ao fim uma das mais antigas casas comerciais de Leiria, que ainda hoje tem como clientes “emigrantes espalhados por todo o mundo”, que quando vêm de férias não perdem a oportunidade de ali comprar calçado.