Economia
Presidente da EDP afirma que Portugal tem um índice energético competitivo
"Ninguém pode dizer que tem problema de competitividade por causa do preço energético, quando a energia tem um peso de 8%."
O presidente executivo da EDP, António Mexia, durante o jantar conferência da D. Dinis Business School, em Leiria, disse que Portugal tem um índice energético competitivo e que o custo da electricidade não pode ser o "bode expiatório" para a falta de competitividade.
"Sejamos muito claros, a energia em Portugal para os industriais é mais baixa do que na União Europeia. Uma indústria portuguesa, em média, está abaixo do valor da Europa. Isso é muito claro na comparação com Espanha e, em particular, para as PME [pequenas e médias empresas]", adiantou António Mexia.
O gestor sublinhou ainda que "Portugal tem preços mais baixos que os nossos principais concorrentes".
"Ninguém pode dizer que tem problema de competitividade por causa do preço energético, quando a energia tem um peso de 8%."
O presidente da EDP revelou ainda que, de acordo com um estudo em que a empresa participou e em que "punha os vários sectores da indústria portuguesa em comparação com outros sectores", foram evidentes "diferenciações sectorialmente e que Portugal paga menos que os outros países".
Já no gás, Portugal "paga mais do que a média europeia".
Para António Mexia, a "narrativa da energia deu jeito a muita gente" e acabou por servir como um "bode expiatório", mas "o custo da energia não tem a ver com a falta de competitividade das empresas".
Admitindo que a EDP também tem problemas, o gestor lembrou o investimento de 200 milhões de euros na região de Leiria para evitar os cortes energéticos que afectavam as empresas.
"Gostava de deixar claro que o facto de Portugal tem um índice energético das renováveis e não está mal posicionado na sua estrutura de custo. Os nossos preços são extremamente competitivos", garantiu ainda.
Além disso, "os industriais em Portugal têm uma vantagem, pois o chamado sobrecusto das renováveis é pago por todos nós contribuintes, ao contrário do que sucede noutros países".
O "conhecimento e a eficiência" são as "duas coisas fundamentais" para a competitividade, vincou.
O presidente da EDP aponta um "top five" como as lacunas do país. "Capital, capital, capital são as três coisas que faltam a Portugal e depois gestão e processo mental."
"Só consigo ter mais produtividade se tiver mais investimento e isso depende do capital. Temos um problema enorme de ausência de capital. Somos uma economia descapitalizada", referiu António Mexia, criticando o sistema tributário português, que leva as grandes empresas a deslocalizarem as suas sedes para o estrangeiro.
A "falta de liderança" foi também um dos problemas apontados pelo gestor: "o problema não está nunca em quem trabalha nas empresas, está é nas chefias e, em Portugal, isso está bastante claro, sobretudo nas grandes empresas. Temos falta de capital, mas também falta de competência".
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