Sociedade
Presidente da Câmara da Nazaré retira pelouros a Regina Matos
Vereadora socialista irá candidatar-se nas próximas autárquicas como independente

Depois de ter decidido avançar com uma candidatura independente nas próximas eleições autárquicas, Regina Matos diz ter sido “surpreendida com a retirada dos pelouros que até então exercia enquanto vereadora eleita pelo Partido Socialista”.
No seu perfil de Facebook, Regina Matos contextualiza: “Sou vereadora da Câmara da Nazaré há quase 12 anos, eleita pelo PS. Sempre desempenhei as minhas funções com entrega, com trabalho, com dedicação — e, acima de tudo, com o coração. Acredito numa política feita com verdade, com proximidade e com responsabilidade. Sempre foi assim que estive na vida pública. Por me rever nos princípios que regem o PS — a justiça social, a liberdade, a solidariedade — fui militante durante muitos anos. No entanto, a estrutura concelhia do partido na Nazaré enveredou por caminhos que não se alinham com esses valores, afastando-se da verticalidade e da honestidade que sempre vi no PS.”
“Cheguei a um ponto em que tinha de fazer uma escolha: ou me mantinha refém de uma lógica de submissão, sujeita a atitudes de vingança política, ou assumia com coragem a minha liberdade e a minha consciência. Escolhi o segundo caminho. Escolhi ser independente. Foi com total frontalidade que comuniquei esta decisão às estruturas do partido e pedi a minha desfiliação”, aponta Regina Matos.
“Hoje, como retaliação directa, foram-me retirados todos os pelouros e competências que exercia como vereadora. Embora legalmente o presidente da Câmara tenha competência para o fazer, é evidente que a motivação é puramente partidária — e isso colide com o espírito da democracia local. Os eleitos autárquicos respondem ao povo, não a directivas internas de partidos. E o mandato que exerço pertence às pessoas que em mim confiaram, não a interesses de cúpula.”
Ao nosso jornal, Manuel Sequeira, presidente da Câmara da Nazaré, explica que se trata de uma situação de “perda de confiança política”.
“Tenho o poder de dar e de retirar pelouros e achei que neste caso não tinha condições para manter. Todo o trabalho desenvolvido juntos, até ao momento, foi positivo. Continuarei a ser amigo dela, mas do ponto de vista político, cada um segue o seu caminho”, declara o socialista.