Sociedade
Portugal é o quarto País do Mundo com maior desflorestação
Além da desflorestação, a perda de água e os incêndios têm sido potenciados pela plantação sem controlo de eucaliptos
Sabe qual é o maior causador de fogos florestais no Verão? Se respondeu "os incendiários", está errado.
Duas das maiores razões são o eucaliptal e a pouca água existente no meio ambiente. A plantação sem controlo desta espécie exótica provoca baixos níveis de humidade no solo e nos cursos de água, além de encher o chão de folhas e cascas que as bactérias não conseguem digerir.
Imagine que, em vez das mencionadas folhas e cascas, o solo das nossas plantações de eucaliptos - já que não podemos chamar "floresta" ao que existe em Portugal -. estava coberto por vários centímetros de folhas ressequidas de papel e cartão que, ainda por cima, se encontravam aspergidas por óleos venenosos e altamente inflamáveis.
Já imaginou? Bom essa é a realidade em Portugal. Qualquer faísca, inicia incêndios, em terrenos maioritariamente particulares, que os bombeiros não conseguem apagar e só com o recurso a dispendiosos meios aéreos, pagos pelos contribuintes, se conseguem controlar. E a situação repete-se ano após ano e com consequências cada vez piores.
Para piorar este cenário, os dados da Global Forest Watch, para Portugal, colocam o nosso País no quarto lugar entre os países com a maior taxa desflorestação. Entre 2001 e 2014, Portugal perdeu 566.671 hectares de floresta e, entre 2001 e 2012, ganhou 286.549 hectares, o que revela menos 280.122 hectares de área florestal.
No topo dos países com maior perda percentual de coberto arbóreo (a) está a Mauritânia (99,8%), seguida do Burkina Faso (99,3%), da Namíbia (31,0%) e de Portugal (24,6%).
A situação é mais preocupante para o nosso País pois apenas três países apresentam pior desempenho do que Portugal, e todos eles têm vastas regiões desérticas e ou estão na orla de desertos.
A solução seria a mudança imediata das plantações de eucaliptos por floresta primária nacional, com espécies que guardam a humidade no solo, em vez de a lançar na atmosfera, como o carvalho, o castanheiro, o sobreiro, o zimbro e a azinheira.
Infelizmente, este é um discurso que não é bem aceite pelos proprietários, que preferem o lucro rápido do que a protecção do ambiente e a manutenção de um País saudável para os filhos.
De recordar que Portugal situa-se a poucas centenas de quilómetros do deserto do Saara e que os efeitos da desertificação já há muito se notam no Alentejo e Algarve.
Leia o relatório aqui.