Sociedade
Politécnico defende criação de universidade como estratégia para o desenvolvimento da região de Leiria e Oeste
Foram elaborados três cenários no documento “Prospetiva 2035: três cenários para o Futuro de Leiria e Oeste” elaborado pela Estrutura de Missão do Politécnico de Leiria
Um estudo elaborado pela Estrutura de Missão do Politécnico de Leiria, divulgado hoje, apresenta três possíveis cenários com vista ao melhor desenvolvimento da região de Leiria e do Oeste até 2035.
Foram elaborados três cenários no documento “Prospetiva 2035: três cenários para o Futuro de Leiria e Oeste”. Uma das propostas mantém os desafios do modelo actual (cenário I), estimando-se que o crescimento económico moderado, as outras duas assentam em transformações centradas na modernização e captação de talento (cenário II) e no conhecimento cenário III), tendo como principal âncora a criação de uma universidade.
Segundo o estudo, que contou com o envolvimento de mais de 800 participantes de diferentes sectores, o último cenário é que apresentará melhores resultados.
“Regiões como Oeiras (Portugal), Espoo (Finlândia), Leuven (Bélgica), Dundee (Escócia, Reino Unido), Grenoble (França) e Eindhoven (Países Baixos) demonstram que a aposta estratégica em ciência, tecnologia e inovação pode transformar territórios de pequena e média dimensão em polos altamente competitivos e sustentáveis”, refere o documento.
Inspirado nestes modelos, esta proposta propõe que Leiria e Oeste “evolua para um verdadeiro ecossistema de inovação, ancorado numa universidade de excelência”, que possa ser o “motor de uma nova economia regional baseada na ciência, na criatividade e na colaboração interinstitucional.”
Além da criação da universidade, este cenário “será o passo fundacional para a instalação de um Instituto Europeu de Inovação e Ciência”, que “será responsável por dinamizar redes de investigação avançada, atrair talento altamente qualificado”.
Este instituto será também o “elo vital entre a produção académica e a aplicação prática no tecido empresarial, reforçando o valor económico do conhecimento”. O estudo defende que “paralelamente, será necessário modernizar profundamente o tecido empresarial, promovendo a digitalização, a economia circular, a bioeconomia e a criação de cidades inteligentes, com soluções inovadoras de mobilidade, energia e gestão urbana”.
“A constituição de clusters tecnológicos e a expansão de parques de ciência e tecnologia desempenharão um papel determinante, articulando empresas, centros de investigação e instituições públicas em torno de objetivos comuns de inovação e competitividade”, lê-se na proposta.
Para a Estrutura de Missão, este modelo de desenvolvimento centrado no conhecimento irá posicionar Leiria e o Oeste “numa trajectória de crescimento robusto, equilibrado e sustentável até 2035”.
"Este estudo é o resultado de um percurso colectivo que envolveu múltiplas instituições, entidades e pessoas com um objetivo comum: pensar o futuro de Leiria e Oeste de forma estratégica, informada e colaborativa. Trata-se de um exercício de prospectiva territorial assente no conhecimento, na participação activa e na vontade partilhada de contribuir para um desenvolvimento mais coeso, inovador e sustentável da região", apontou o presidente do Politécnico de Leiria.
Carlos Rabadão sublinhou que os "três cenários que aqui se apresentam não são previsões, mas sim ferramentas para reflectir, debater e agir".
Agostinho Silva, pró-presidente do Politécnico de Leiria e coordenador da EM@IPLeiria, afirmou que não existe o terceiro cenário sem universidade. “A base e o momento central é a produção de conhecimento. Por isso, não basta criar uma universidade de excelência, mas também um Instituto Europeu de Inovação e Ciência, com braços ao longo do ecossistema, dentro dos quais as empresas possam integrar os seus centros de inovação”, destacou, ao apontar que se trata de “reinventar o território”, contribuindo para o aumento do produto interno bruto. “O próximo passo é implementar os inúmeros projectos piloto, monitorizar e escalar os resultados.”
Para o ministro da Educação, Ciência e Inovação o cenário três é o ideal, aquele que ele próprio gostaria para o país, pois é "tornar o talento, o conhecimento e a inovação no novo paradigma para a economia portuguesa”, especificou Fernando Alexandre.
“Percebo por que estão a colocar como âncora neste projecto a Universidade de Leiria e Oeste. Olhando para este território faz sentido”, admitiu, ao referir que se trata de uma decisão política. “Aquilo que o Politécnico tem de fazer é pensar a sua estratégia e aquilo que vimos aqui hoje, esta estratégia para o território de Leiria e Oeste, é um excelente exemplo daquilo que o país deve fazer”, sublinhou.
O presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria, Gonçalo Lopes, apelou hoje ao ministro da Educação, Ciência e Inovação para que ajude a "concretizar esta ambição justa, antiga e profundamente legítima" do Politécnico de Leiria passar a universidade.
"A região de Leiria está pronta, a instituição está preparada, os agentes políticos, empresariais e sociais estão unidos. Investir numa universidade aqui é uma decisão estratégica. As regiões com universidades fortes são mais coesas, mais inovadoras, mais competitivas", afirmou Gonçalo Lopes, dirigindo-se a Fernando Alexandre, que esteve hoje presente em Leiria para a apresentação do estudo da Estrutura de Missão do Politécnico de Leiria.
O também presidente da Câmara de Leiria acrescentou que "Leiria já é uma das regiões com maior peso industrial e com melhor performance exportadora". "Com uma universidade, esse contributo será exponenciado."