Sociedade
Politécnico de Leiria integra academia europeia para formar professores
Financiamento de 1,47 milhões de euros do Erasmus+ contribui para qualificar docentes em inovação social e educação democrática
A Universidade Europeia – Regional University Network (RUN-EU), coliderada pelo Politécnico de Leiria, conquistou um financiamento de 1,47 milhões de euros do programa Erasmus+, para criar o projecto EU-SIDE - Academia Europeia de Professores de Inovação Social e Educação Democrática.
Segundo um comunicado, o projecto visa a promoção da inovação social e da transformação digital e ecológica através da formação de docentes dos ensinos primário, secundário e profissional.
A iniciativa envolve 31 instituições de seis países europeus e deverá arrancar no início deste ano, terminando em 2028.
O EU-SIDE foi submetido pela RUN-EU no âmbito do convite para a apresentação de candidaturas ao programa Erasmus+ Teacher Academies, em que apenas 14% dos projectos tiveram financiamento aprovado em 2024.
“É de realçar e enaltecer que a candidatura da RUN-EU recebeu uma boa avaliação e foi aprovada não só em virtude do trabalho que nos propomos realizar nestas regiões periféricas, mas também pela cooperação geográfica, pelo número de entidades envolvidas e pelas metodologias pedagógicas que serão utilizadas neste projeto de inovação social inter-relacionado com os valores europeus, o pensamento crítico e o compromisso com a sociedade nas áreas da inclusão, integração, bem-estar e saúde, sustentabilidade e digitalização”, realça Carlos Rabadão, presidente do Politécnico de Leiria, citado na nota de imprensa.
Coordenado pela Universidade de Burgos (Espanha), em conjunto com o Politécnico de Leiria (Portugal), Häme University of Applied Sciences (Finlândia), NHL Stenden University of Applied Sciences (Países Baixos), Howest University of Applied Sciences (Bélgica), Technological University of the Shannon (Irlanda), Politécnico do Cávado e Ave (Portugal), o Agrupamento de Escolas Henrique Sommer (Portugal) e o Centro de Formação de Professores e Inovação Educativa de Burgos (Espanha), o consórcio conta igualmente com 21 parceiros associados do sector da educação, num total de 31 instituições envolvidas de seis países europeus.
“Queremos chegar junto dos professores para que os mesmos, na sua actividade profissional e nas aulas, possam dar uma resposta capaz às dimensões da inovação social e da educação democrática”, explica Pedro Morouço, director da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) do Politécnico de Leiria e responsável pela área de disseminação do projecto.
Para o Politécnico de Leiria, o EU-SIDE visa promover as regiões em que cada membro da RUN-EU e cada parceiro estão inseridos, através da formação de, pelo menos, mil professores dos seis países europeus, através de oportunidades de aprendizagem internacionais (virtuais, físicas e híbridas) e mobilidades presenciais, com diferentes formatos: Programas Avançados de Curta Duração, Programas Intensivos Combinados e Cursos Online Abertos e Massivos, seguindo uma abordagem de investigação baseada na conceção, que permita promover a inovação social e os valores europeus, e criar sinergias e redes de colaboração entre os participantes e as suas partes interessadas.
“O mínimo que estabelecemos é a formação de mil professores nos seis países. No entanto, estamos confiantes que vamos chegar muito mais além. É uma temática que claramente captará o interesse de muitas escolas e professores. A partir do momento em que o projecto estiver activo e começarmos a divulgá-lo, creio que muitos profissionais e responsáveis, como directores de escolas, vão reconhecer a importância de se associarem ao mesmo”, sublinha Pedro Morouço.
A primeira etapa do projecto consiste na delineação e construção dos conteúdos pedagógicos, nomeadamente através da revisão de literatura e do contacto com stakeholders internacionais e outros projetos relacionados com as temáticas da inovação social e da educação democrática, informa o Politécnico de Leiria.
“Em seguida vamos criar iniciativas-piloto que darão indicações importantes para analisarmos a efectividade da prática que estamos a aplicar, com o intuito de optimizar e melhorar o processo, até chegarmos a uma etapa de larga escala e aplicação no terreno das estratégias identificadas como as melhores práticas, para levarmos a cabo a formação dos professores”, explica o director da ESECS, acrescentando estar previsto que as primeiras actividades junto dos professores tenham início no segundo ano do projecto (2026).
Pedro Morouço considera que o objectivo é que, após seis meses das primeiras actividades, o projecto possa ser aplicado numa maior escala. “O terceiro ano (2027) será aquele em que o projecto estará a funcionar em pleno nas 31 instituições envolvidas, e quem sabe ainda além destas 31. Por fim, teremos uma etapa fundamental e um dos nossos grandes objectivos, que é analisarmos todo o impacto do projeto e sermos parte interveniente nas recomendações públicas daquilo que são as diretrizes emanadas pelos diferentes países para o ensino destas temáticas.”