Sociedade
Polémica com instalação de centro de dia na Golpilheira, Batalha
Vereadores do PSD na Batalha votaram contra. Junta e câmara indignadas com posição dos sociais-democratas.
O projecto para a instalação de um centro de dia para idosos nas antigas instalações do posto médico da Golpilheira, na Batalha, está a gerar polémica.
Alegando falta de informação e de “transparência”, os vereadores do PSD votaram contra, obrigando o presidente da câmara a usar o voto de qualidade, já que o seu número dois não podia participar na votação por ser provedor da Misericórdia, uma das instituições envolvidas.
Tanto a Junta da Golpilheira como a maioria que governa o município contestam a posição dos sociais-democratas, que acusam de querer prejudicar a população.
“Não é justo. É mais um bloqueio à freguesia, neste caso aos idosos, que não têm essa valência na terra e que são obrigados a recolher a localidades vizinhas”, lamenta José Carlos Ferraz, presidente da Junta.
O autarca teme que, apesar de a proposta ter sido aprovada, a candidatura a apresentar ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), para adaptar o edifício, devoluto há mais de dez anos, possa ser “inviabilizada”. “O que pensará quem estiver a analisar o processo e verificar que houve oposição à sua concretização?”, questiona o autarca.
Em causa está uma proposta apresentada na última reunião de câmara para rescindir o contrato de comodato celebrado em 2019 entre o município e o Centro Recreativo da Golpilheira (CRG) para instalar no edifício um núcleo de artes e etnografia local, que nunca avançou, e o estabelecimento de um novo acordo, agora com a Misericórdia, para a criação de um centro de dia.
Apesar de concordarem que o edifício “deverá ser colocado à disposição da população local, sobretudo dos mais idosos”, os vereadores do PSD votaram contra.
Em comunicado, o PSD da Batalha alega não foi prestada informação suficiente aos seus autarcas, faltando, por exemplo, “a posição dos órgãos sociais do CRG a renunciar aos seus direitos de cedência sobre o edifício” e dados sobre “os meios financeiros municipais a afectar ao novo projecto da Misericórdia da Batalha e suporte técnico ao funcionamento da resposta social”.
Os sociais-democratas recordam que, no passado, já tinham havido um protocolo com a Misericórdia usar o edifício para prestação de cuidados à população, mas a solução “foi abandonada”.
O presidente da câmara, Raul Castro, refuta as críticas e acusa a oposição de “distorcer totalmente a verdade” para “justificar o injustificável”, alegando que “as linhas gerais do projecto” foram apresentada na reunião do executivo e devidamente explicadas na proposta do contrato de comodato”.
Sobre o financiamento do projecto, Raul Castro explica, em comunicado, que a proposta submetida a votação refere “de forma explicita” que será a Misericórdia da Batalha a candidatar-se ao fundo comunitário, cuja prazo limite é dia 22 de Fevereiro, sendo o investimento da sua responsabilidade” e que à câmara caberá a execução do projecto.
Raul Castro considera, por isso, a posição dos vereadores do PSD “totalmente desajustada face à realidade”.