Viver
Palavra de Honra | O futuro já não é o que era
Elsa Margarida Rodrigues, professora e escritora
Já não há paciência… para pessoas que acham que têm sempre razão, para pessoas que se queixam de tudo e para pessoas que falam de si na terceira pessoa. E para pessoas que não têm qualquer paciência para as outras pessoas.
Detesto… acordar cedo, dias curtos, areia nos calções, pedras nos sapatos, pão duro e vinho branco quente.
A ideia… é a semente das coisas. Mas, como a realidade comprova, nem todas as ideias são boas. Há ideias que nos parecem brilhantes e que se revelam desastrosas. O melhor é dormir sobre uma ideia antes de a pôr em prática.
Questiono-me se… as pequenas lutas quotidianas valem a pena, se a vida tem sentido, se o bem e o mal estão em nós ou no mundo, se alguma vez saberemos a verdade das coisas, se há vida depois da morte. E, com frequência, se serei capaz.
Adoro… dias longos, tardes na esplanada, boa companhia, passar a noite a dançar, fins-de-semana de preguiça. E mimo, adoro mimo.
Lembro-me… tanta vez do anão do Twin Peaks a dançar sapateado e a dizer as palavras ao contrário. Não sei porquê.
Desejo secretamente… que o meu primeiro romance, que sai no próximo mês, seja um sucesso.
Tenho saudades… da emoção da primeira vez, de acreditar sem reservas, de ter certezas. E de mim. Às vezes tenho saudades dos muitos eus que já não sou.
O medo que tive… de me perder e não voltar a encontrar-me.
Sinto vergonha alheia… das pessoas que vão aos programas da manhã ou que participam em reality shows. E de quem escreve fazemos com hífen.
O futuro… já não é o que era. Deixou de ser previsível. Não vale a pena antecipá-lo. Ele tende sempre a ultrapassar qualquer cenário.
Se eu encontrar… alguém que me complete as frases, partilhe o meu sentido de humor e, além disso, goste de dias longos, tardes na esplanada e passar as noites a dançar, é amizade para a vida.
Prometo… continuar a acreditar nas pessoas. E que o melhor ainda está para vir.
Tenho orgulho… nos dois seres humanos que gerei e naquilo em que se tornaram. Orgulho-me também dos pais que tenho e de cada um dos meus amigos. Para além disso, sinto uma emoção que se assemelha a orgulho de cada vez que os meus alunos sentem entusiasmo ao pensarem certas coisas pela primeira vez.