Viver
Palavra de Honra | Detesto o quanto a cultura vale no Orçamento de Estado
João Augusto, actor e gestor cultural
- Já não há paciência... para a falta de competência, os meus gatos a correr pela casa a meio da noite, reuniões que podiam ter sido por zoom, o carro da limpeza de ruas a passar à minha janela demasiado cedo.
- Detesto... carapaus, mas como. Atrasos, pessoas atrasadas que não telefonam a avisar. Quanto a cultura vale no Orçamento de Estado. Coisas feitas em cima do joelho quando havia tempo.
- A ideia... é um organismo vivo. Aliada à Vontade, podem-se tornar imparáveis.
- Questiono-me se... termos de ser simpáticos para toda a gente o tempo todo não será abusar da nossa boa vontade.
- Adoro... as minhas filhas a dormir encostadas a mim, dias despreocupados com amigos e família. Partir em viagem e regressar a casa. Fazer um bom trabalho.
- Lembro-me tantas vezes... dos meus avós e dos meus padrinhos que até parece que ainda estão deste lado comigo. Tenho muitas memórias guardadas, e elas assaltam-me os pensamentos, muito vívidas e com muita frequência.
- Desejo secretamente... o Amor. Aquele amor universal que nos liga a todos, que nos faz amar até a quem nos irrita. Ter uma carrinha transformada para viajar com a família.
- Tenho saudades... de passar semanas em Vila Nova de Gaia e no Porto de onde sou originário. Encenar teatro juvenil. Acordar de manhã e ainda estar a dar o Engenheiro Sousa Veloso na televisão. Dos que tiveram de emigrar nos últimos anos.
- O medo que tive... quando ia morrendo afogado na praia aos 14 anos. Também me assustei quando a mota emprestada por um amigo levantou a roda e eu que já ia demasiado depressa para andar só com uma roda no chão.
- Sinto vergonha alheia... e fico a tapar os olhos e a cara e os ouvidos se for o caso. Não sou apreciador da vergonha alheia, nem da minha.
- O futuro... há um pedaço de texto cuspido pelo Zé Mário Branco no seu poema “FMI” de que eu me lembro sempre que ouço esta expressão “o futuro”, está lá para o meio da música. A música completa vale a pena ouvir, no mínimo 6 vezes por ano, aos berros.
- Se eu encontrar... aviso-te, a ti e a todos os que quiserem, podem confiar em mim. E dou-lhe um abraço, porque sou de abraços.
- Prometo... prometer apenas o que consigo cumprir. Como pai, como companheiro, como profissional, como pessoa. Uma das lições que aprendi.
- Tenho orgulho... e sinto-me privilegiado que o meu trajeto até aos dias de hoje ter sido recheado de seres humanos maravilhosos, únicos e especiais. Desde os meus pais até aos amigos próximos ou agora distantes. Das minhas filhas.