Sociedade
Os bombeiros, o Brasil e agora a “fábrica de sonhos”
Nuno Cunha Lopes foi à Máquina do Tempo
Durante nove anos foi o rosto dos Bombeiros Municipais de Leiria. Agora, Nuno Cunha Lopes, de 60 anos, fala-nos das muitas outras experiências que teve desde então e de como tem chegado a todas elas com grande espírito de aventura.
A “fábrica de sonhos” é a mais recente façanha do ex-comandante dos bombeiros, que foi também delegado municipal da Protecção Civil.
Natural das Cortes, em Leiria, Nuno Cunha Lopes é oficial da Marinha, onde entrou em 1975 e por onde construiu um percurso de mais de duas décadas. Mas, ao fim de 24 anos, o engenheiro mecânico naval sentiu necessidade de trilhar outros percursos e passou à reserva.
Foi por essa data, quando deixou a Marinha, que Cunha Lopes aceitou o desafio lançado pela então presidente de Câmara, Isabel Damasceno, e assumiu o comando dos Bombeiros Municipais de Leiria. Havia, por um lado, a necessidade de preencher uma lacuna, deixada pelo anterior comandante, e por outro lado, a necessidade de exercer a função de delegado municipal, uma figura que estava a ser criada por essa altura, recorda Cunha Lopes.
Embora não tivesse tido nenhuma experiência semelhante, o novo comandante vinha de uma carreira militar e era reconhecido como especialista na área da segurança. “A adaptação da vida militar à sociedade civil não foi fácil.
O maior contraste está nas relações. Porque a sociedade civil tem um processo que obriga a alguma habituação e que nós, militares, temos alguma dificuldade em fazer”, explica Cunha Lopes. “É difícil, depois de viver de uma forma muito balizada, viver sem balizas. E a sociedade civil é muito 'mantém-te vivo e vivaço'”, salienta o ex-comandante.
Além disso, acrescenta Cunha Lopes, a vida pública que veio encetar “foi uma vida muito chegada ao podere que era muito visada pelas oposições”.
Uma das situações que mais o marcou, pela negativa, durante a sua experiência nos bombeiros, foi quando, no âmbito da ajuda humanitária ao Kosovo, a corporação se propôs a organizar uma recolha de alimentos e outros bens, para serem enviados via Cruz Vermelha.
“Nessa altura, começaram a desaparecer coisas do quartel e eu não me apercebi”, relata Cunha Lopes. “Na minha boa-fé, dizia ao pessoal dos piquetes que fosse organizando os bens em caixas”, conta o ex-comandante. “Esses desaparecimentos foram sendo conhecidos na cidade e foi umprocesso extremamente duro, porque foi muito injusto para mim. Senti a vontade clara de mandar tudo às urtigas”, admite Cunha Lopes, que diz nunca ter sentido necessidade de ser figura pública.
Mas os bombeiros foram também “uma grande escola de comportamento social”. E aqueles foram anos de grande desenvolvimento a nível intelectual, recorda Cunha Lopes, que por essa altura também dava aulas no ISLA-Leiria, dava formações e iniciava um doutoramento na área da termodinâmica.
Quando saiu dos bombeiros, em 2007, ainda aceitou o desafio de ser director de produção numa fábrica de plásticos. “Mas eu não gosto de estar fechado”, nota o ex-comandante, que não se manteve na função mais de “quatro ou cinco meses”. Seguiu-se ainda uma experiência no Instituto de Soldadura e Qualidade.
Mas durante uma viagem a Recife, enquanto dava aulas no Brasil, através ISLA, Cunha Lopes foi convidado a embarcar noutra aventura: dirigir o gabinete de projecto de uma empresa de ar condicionado. Mais uma vez, o engenheiro decide agarrar a oportunidade e durante cinco anos trabalhou em Salvador, sempre com um pé em Leiria. “Foi uma experiência de vida muito rica”, sublinha.
E de que se trata, afinal, a nova “fábrica de sonhos”? Trata-se do seu mais recente desafio. “Estamos a tentar lançar as bases de uma central térmica a biomassa e, antes da central térmica, uma empresa que faz refinação de resíduos de madeira”, explica o engenheiro. É uma unidade que está a ser construída no Juncal e que lhe preenche todo o seu tempo. Bem, quase todo. Cunha Lopes define-se como alguém que permanentemente se desafia a si mesmo, sem deixar de embarcar nas mais diferentes aventuras profi
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