Abertura

“O Instagram é o meu dia-a-dia”

20 mai 2021 12:22

INFLUENTES Q.B. | Ser-se influenciador digital pode gerar proveitos suficientes, para se viver apenas desta actividade. Não faltam exemplos a nível nacional e internacional, mas também há quem se dedique em exclusivo a ser influencer na nossa região

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Sandra Jerónimo tem 110 mil seguidores e está no Top 1000 nacional
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Ricardo Graça
Jacinto Silva Duro

Dez mil é um número mágico para quem se lança no Instagram com a ideia de se tornar influencer (influenciador digital) e ganhar dinheiro a fazer publicações sobre roupas, cosméticos, experiências gastronómicas, viagens, carros ou gadgets.

Porquê? Porque com uma comunidade de dez mil seguidores, esta rede social permite colocar links directos para outros canais ou redes sociais.

E isto interessa às empresas com produtos para vender ou promover. O fenómeno dos influencers é entendido como sendo mais comum na rede social Instagram, mas acontece noutras, com a mesma lógica e, nalguns casos, os proveitos podem ser suficientes, para se viver apenas desta actividade.

Não faltam exemplos a nível nacional e internacional, mas, e na região?

Haverá quem se dedique em exclusivo a ser influencer?

Há e damos a conhecer neste artigo exemplos de quem o faz e de quem tenha transformado um passatempo num negócio.

Mas atenção que chegar lá é extremamente complexo e trabalhoso.

Desde que nasceu que Sandra Jerónimo vive com os olhos no Castelo de Leiria e os pés no Rio Lis.

É conhecida no Instagram pelo handle (nome digital) de missfit.sandra e está no Top 1000 dos influencers portugueses.

Conta com uma comunidade com mais de 110 mil seguidores (para se ser influencer reconhecido é preciso ter 80 mil) e boa parte destes seguem o seu quotidiano religiosamente.

“Já trabalhava com outras redes sociais, na promoção de suplementos alimentares, mas, há quatro anos, comecei a explorar o Instagram para divulgar o que fazia”, recorda num tom bem-humorado, é uma das suas imagens de marca.

A dedicação e ligação a quem a segue permitem-lhe retirar rendimento suficiente para viver da actividade de influencer.

As publicações que faz diariamente são maioritariamente na área dos conselhos de saúde e bem-estar.

Sandra Jerónimo tem 110 mil seguidores e está no Top 1000 nacional

“O meu Instagram é o meu dia-a-dia. Faço muitas stories com as minhas rotinas, com exercício e os seguidores vêm perguntar-me conselhos”, explica.

Porém, ninguém tem uma presença digital do tamanho da de missfit.sandra sem receber atenções das marcas e das empresas de comunicação.

“Pedem-me muito para partilhar moda, isto ou aquilo, mas só promovo aquilo de que gosto.”

E uma das coisas de que gosta verdadeiramente é da cidade de Leiria.

Desde que a pandemia começou, esforça- se por ajudar o comércio local. “Se vou a um restaurante ou comprar algo nas lojas da zona, publico e dou a conhecer esses espaços”, confidencia.

“Pedem-me muito para partilhar moda,isto ou aquilo, mas só promovo aquilo de que gosto”
Sandra Jerónimo

“Sou um micro-influencer”
Antes da pandemia, Aurélien Mota (aurelienkmota) investia tempo e dinheiro numa das suas maiores paixões - as viagens -, para consolidar a sua comunidade.

Mas com as restrições às saídas do País, decidiu mudar o foco. Virou-se para o lifestyle.

O seu perfil tem um pouco mais de oito mil seguidores, mas o nível de interacção e de gostos por foto (engagement) é tal que já recebe propostas de parcerias, mesmo sem o número mágico dos dez mil. “Sou aquilo a que, no meio, se chama de ‘micro-influencer’”, brinca.

O jovem de 31 anos, natural do concelho de Pombal, explica que o gosto pela fotografia e alguma vaidade (“sempre necessária para ter bom gosto”), levaram a que tentasse a divulgação de marcas de roupa e de sapatilhas. Resultou.

Alia a actividade no Instagram ao trabalho quotidiano como programador informático, o que lhe dá alguma facilidade em perceber como o todo-poderoso algoritmo de partilha da rede social funciona. "No início, era eu quem contactava as marcas, agora, já recebo emails com propostas.”

Ao publicar códigos de promoção dos produtos que dá a conhecer, recebe uma comissão ou os produtos.

O público recebe descontos que podem ir dos 10 aos 20%. Não dá para viver, mas é um complemento.

influencers que têm estruturas profissionais montadas com várias pessoas a gerir um perfil a que dão a cara e aí, sim.

Pecados Saudáveis
Sónia e Diogo têm ambos 30 anos e são naturais de Leiria.

Ela era engenheira química e ele financeiro.

Amantes da gastronomia, adoravam cozinhar para a família e amigos e sentiram necessidade de partilhar as suas criações na cozinha.

Há cinco anos, quando estavam a trabalhar em Lisboa, deram início a um blogue onde mostravam o resultado dessa sua paixão, mas com o passar do tempo, criaram o perfil thehealthysins no Instagram, que, hoje, tem quase 20 mil seguidores.

“Passou a ser o meu trabalho”, conta a agora ex-engenheira química.

Sónia deixou o emprego, estudou fotografia e foram surgindo contratos de restaurantes e marcas, atraídos pelas fotografias e vídeos expostos no thehealthysins.

Pedem fotografias e vídeos da comida que eles próprios confeccionam ou que o casal crie vídeos de culinária para as suas redes sociais.

Diogo manteve-se como financeiro, mas continua a ser a outra metade deste projecto, que alia uma parte healthy (saudável e nas mãos de Sónia) aos sins (os pecados, nas mãos dele).

Sónia deixou o trabalho, estudou fotografia e foram surgindo contratos de restaurantes e marcas, atraídos pelas fotografias e vídeos expostos no thehealthysins

“Regressámos a Leiria há dois anos e, desde início da pandemia, começámos a ter muito mais trabalho”.

Quem conhece o canal do Youtube do Continente, dedicado à cozinha, com certeza que já se cruzou com o casal e até com a sua filha bebé.

A cadeia de hipermercados é um dos seus maiores clientes.

“Também trabalhamos com a Adega Nova, da Delta, e com a Gelados de Portugal”, contam.

Diogo e Sónia transformaram uma presença numa rede social, num negócio

No caso de thehealthysins, a rede social serve como modo de angariação de novos clientes, embora haja parcerias com marcas.

Como a maior parte dos seguidores é estrangeira, resolveram começar a publicar em inglês e não faltam pedidos de receitas e de conselhos culinários, enviados pela, cada vez maior, comunidade.

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