Sociedade

“Não vivíamos este défice [de médicos] há mais de 10 anos”

30 jun 2022 22:11

Rui Passadouro, vogal do Conselho Clínico e de Saúde do ACES Pinhal Litoral, juntou-se à vigília desta quinta-feira, em luta pela abertura de mais vagas para médicos de família

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“Vergonhoso, lastimável, preocupante”. Neste momento, no Agrupamento de Centros de Saúde do Pinhal Litoral (ACES) há quase 40 mil pessoas sem médico de família. O problema não é exclusivo da nossa região, mas após a atribuição de apenas oito vagas para a entrada de novos clínicos no ACES Pinhal Litoral, quando tinham sido pedidas 30, a indignação e apreensão, subiram de tom.

Esta quinta-feira, 30 de junho, ao final da tarde, um grupo de profissionais de saúde e utentes, reuniu-se na Praça Rodrigues Lobo, em Leiria, para denunciar a situação e alertar que será muito difícil que médicos sobrecarregados com ficheiros de 1.700 a 1.800 utentes, consigam responder também às necessidades das pessoas que aguardam que lhes seja atribuído um médico de família.

“Temos no ACES Pinhal Litoral 39.526 utentes sem médico de família. Isto é absolutamente vergonhoso, lastimável e preocupa-nos a todos. Queremos fazer ouvir os nossos utentes”, declarou Maria Felício, médica interna de Medicina Geral e Familiar numa Unidade de Saúde Familiar na Marinha Grande, e uma das promotoras da vigília.

Helder Balouta, outro dos participantes, realçou que as vagas para médicos atribuídas à nossa região são insuficientes e só irão contribuir para que o problema de fundo persista. “É manifestamente impossível para os médicos que neste momento estão a trabalhar conseguirem dar conta do seu ficheiro, que são cerca de 1.700 a 1.800 utentes, e colaborarem também nos cuidados de saúde dos utentes sem médico”, afirmou o médico interno numa Unidade de Saúde Familiar em Pombal.

“Nós sabemos que os recursos em termos médicos são escassos em todo o País. Mas no caso do Pinhal Litoral, temos um défice enorme. Não vivíamos este défice há mais de 10 anos. Tinha que haver uma sensibilidade maior na atribuição destas vagas”, lamentou, por sua vez, o vogal do Conselho Clínico e de Saúde do ACES Pinhal Litoral, Rui Passadouro.