Sociedade
Ministro da Cultura lamenta morte de José Pinho
Fundador da Ler Devagar e do festival Folio, em Óbidos, o livreiro morreu aos 69 anos, vítima de doença oncológica
O ministro da Cultura lamentou ontem, 30 de Maio, a morte de José Pinho, fundador da Ler Devagar, destacando “um homem que a partir dos livros ou a propósito destes dinamizou e animou a cultura portuguesa”.
O livreiro esta terça-feira aos 69 anos, no Hospital CUF, em Lisboa, vítima de doença oncológica.
Nascido em 1953, em São Pedro do Sul, no distrito de Viseu, o nome de José Pinho fica para sempre ligado ao livro em Portugal, tendo fundado o festival Folio, em Óbidos, o Latitudes, no mesmo concelho, e estado na criação da Rede de Livrarias Independentes (RELI), entre muitas outras acções de divulgação e promoção da literatura.
Também director do Festival Internacional de Literatura e Língua Portuguesa 5L, em Lisboa, foi este mês agraciado com a medalha de mérito cultural pela Câmara Municipal da capital, por ser considerado “uma personalidade ímpar da cidade".
Aquando da entrega da medalha de mérito cultural em Lisboa, o presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), Pedro Sobral, enalteceu “o papel fundamental que José Pinho tem tido na promoção do livro e da leitura, através de projectos inovadores e independentes que são ainda hoje marcos fundamentais da cultura do livro e da livraria”, recordou a agência Lusa.
Uma semana depois, recebeu, pelas mãos do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o grau de comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
“Incansável e combativo, inovador e agitador, José Pinho abraçou inúmeros projectos, desde livrarias a festivais literários, que deixaram uma marca que não se limitou às cidades que mais de perto abraçou, Lisboa e Óbidos, mas que teve verdadeiro impacto em todo o País”, destacou o ministro da Cultura, numa publicação divulgada na página do Ministério da Cultura na rede social Twitter.
Adão e Silva destacou ainda que os inúmeros projectos de José Pinho “foram - e são - uma extensão da sua personalidade e de uma atenção muito própria aos livros e, em particular, ao acto de ler”.
“Tanto nas livrarias que fundou como nos festivais e eventos que promoveu, há uma ideia transversal: a de que o livro e a leitura merecem e precisam de tempo. E foi isso que José Pinho sempre fez e é esse o agradecimento que lhe devemos, o de ter dado tempo aos livros”, acrescentou.
A Câmara de Óbidos também emitiu uma nota de pesar, lembrando que o município do distrito de Leiria e o País devem muito a José Pinho e que a cultura “vai sentir falta" do seu "engenho e sabedoria”.
“José Pinho foi um marco para Óbidos. Foi um dos fundadores da Óbidos Vila Literária, arriscou construir uma rede de livrarias numa vila histórica e, acima de tudo, lutou por uma democratização da Literatura e da Cultura em Portugal. Um dos grandes exemplos foi a entrega que José Pinho sempre colocou nos Fólios que ajudou Óbidos a organizar”, pode ler-se no comunicado divulgado no Facebook.