Sociedade
Mergulhos ao ar livre são sucesso fora de Leiria
Piscinas | O Verão instalou-se e Leiria procura formas de fugir ao calor.
Na região, para quem não gosta de praia ou não pode deslocar-se até à beira-mar, a opção são as piscinas municipais descobertas de Porto de Mós e do Reguengo do Fètal. Mas poderá haver novidades em breve em Leiria.
A vaga de calor das últimas semanas trouxe, em força, a Leiria o Verão que teimava em não chegar. Com ele, os habitantes da cidade procuram formas de se refrescar e, ao mesmo tempo, aproveitar o sol para conviver, relaxar e esquecer o dia-a-dia rotineiro.
Para alguns, as praias da região são uma solução, mas para quem não se pode deslocar até à beira-mar ou quem não aprecia a instabilidade das condições do mar e da meteorologia do litoral, a aposta passa pelas piscinas dos concelhos vizinhos.
Mas pode estar para breve a criação da, há muito desejada, piscina descoberta na capital do distrito. Na zona de Leiria, as únicas piscinas municipais exteriores situam-se no Reguengo do Fètal, no concelho da Batalha, e no centro de Porto de Mós, não havendo nenhuma na zona urbana da capital do distrito.
Estas duas infraestruturas estão abertas de Junho até Setembro e têm muita procura na época balnear, de centros de tempos livres, famílias ou até mesmo de emigrantes que aproveitam esta altura do ano para voltar à terra natal.
Gonçalo Repolho tem 19 anos e é nadador-salvador no Reguengo do Fètal. Para ele, as razões da procura da piscina municipal local são evidentes. “Aqui não há vento” e “aproveita-se muito mais o sol” do que na praia, onde depois das horas de maior calor começa a fazer mais vento.
“Na piscina consegue-se estar o dia inteiro”, resume. Martinha Oliveira, de 12 anos, frequenta a piscina desde que sabe nadar e prefere-a em relação à praia por o mar ter condições difíceis de prever. “Sinto-me mais segura na piscina”.
No Reguengo, passa todo o dia dentro de água em brincadeiras com os amigos e com as primas, companhias fiéis dos dias de Verão.
Na Piscina Municipal de Porto de Mós, Mariana Cardoso, de 14 anos, também olha para a segurança como um factor decisivo, na escolha piscina versus praia. “É menos perigoso e há sempre nadadores-salvadores a vigiar, o que na praia acaba por ser mais difícil”.
Há três anos que Susana, de 53 anos, leva a filha Beatriz, de 11 anos, à piscina descoberta de Porto de Mós, sendo utilizadoras assíduas do complexo. Para ela, o mar das praias da região de Leiria “é muito agitado e perigoso” o que não permite que a filha e os amigos passem o dia inteiro na água, “como gostam”.
Complexo de piscinas completou 20 anos
A piscina descoberta pública da Bajouca situa-se a um quilómetro do centro da freguesia e a 23 do centro de Leiria. Foi inaugurada a 5 de Agosto de 1998 e completou este mês 20 anos. O espaço é administrado pelo Grupo Alegre e Unido.
Os utilizadores podem usufruir do complexo durante a época balneária, durante a manhã entre as 10:15 e as 12 horas, período reservado para aulas de natação com um professor. Da parte da tarde, a piscina está aberta das 15 às 20 horas.
A lotação máxima é de 200 utilizadores e recebe diariamente, em média, 100 pessoas. A entrada para crianças até aos 12 anos, não sócias do grupo, é de 1,20 euros e para os adultos, não sócios, tem um custo de dois euros. Para quem é sócio, as crianças pagam um euro e os adultos 1,80 euros.
As crianças e adultos que desejarem banhar-se na piscina da Bajouca podem contar com um bar como apoio aos “comes e bebes” que está aberto durante todo o ano e, também, com os balneários das piscinas abertos durante o período de funcionamento da piscina ao ar livre.
Piscina é “mais segura” do que a praia
O nadador-salvador desta piscina é Gonçalo Fino, de 18 anos. Concorda que “há muito menos riscos” associados à piscina do que à praia. Quando o JORNAL DE LEIRIA se deslocou ao Reguengo do Fètal, num dia quente como os que se têm sentido em Agosto, encontrou um grupo de jovens de um centro de estudos acompanhados por dois monitores adultos.
Os jovens mostravam- se divertidos enquanto lanchavam na zona relvada do complexo. Pedro Carvalho, de 28 anos, um dos monitores do grupo descreve o ambiente como “pacífico, sem muita gente na água, nem abusos em termos de saltos para a piscina”, tendo destacado o facto de o nadador- salvador estar sempre atento.
“É seguro e eles têm espaço para andar por aqui e jogar à bola”. Filipe, de 13 anos, é um dos rapazes do grupo e já vai àquela piscina desde o Verão do ano passado. Garante que o facto de a piscina ter uma zona mais profunda e outra mais rasa serve “a todos os gostos”.
Do que mais gosta na piscina “é de fazer competições de mergulho e ver quem chega mais longe”. O monitor garante que os dias no Reguengo são como estar “praticamente de férias”. “É giro, os miúdos estão sempre a competir e a chamar-me para ver os saltos na piscina. Na praia, isso é quase impossível”.
Neste complexo, também os funcionários são jovens. Beatriz Oliveira, de 19 anos, é uma das que escolheram trabalhar no Verão para poder amealhar algum dinheiro. “Estava à procura de um trabalho porque estou a estudar e preciso do dinheiro para as propinas e até para mim, sem estar a pedir aos meus pais”.
Estuda Animação Turística, pelo que este trabalho também é uma forma de enriquecimento do currículo. Para ela, as vantagens da piscina são “o facto de o preço ser barato” e de ser uma zona “silenciosa e calma”. Quando era mais nova frequentava-a com os pais e os amigos e, agora, traz Martinha, a irmã mais nova.
Relativamente ao trabalho, os nadadores-salvadores do Reguengo e Porto de Mós, que até partilham o nome – Gonçalo –, alinham pela mesma bitola: na piscina, o trabalho é mais calmo do que junto ao mar.
“Na praia, sinto que tenho maior responsabilidade e tenho muito mais trabalho”, garante Gonçalo Repolho, que trabalha cinco horas diárias no Reguengo do Fètal. Gonçalo Fino confirma. “Há mais controlo sobre as situações e não há tantos riscos acrescidos na piscina.”
Faz oito horas diárias e este é o primeiro Verão em exercício desde que tirou o curso de nadador salvador.
200 é o número máximo de utilizadores registados, em média, na piscina municipal descoberta do Reguengo do Fètal
20 mil é o número de banhistas que as piscinas descobertas de Porto de Mós esperam receber este ano, entre Junho e Agosto
100 pessoas é o número médio diário de utilizadores da piscina da Bajouca, no Verão. É gerida pelo Grupo Alegre e Unido
Piscina descoberta em Leiria? Novidades em breve
A piscina de Porto de Mós está localizada no centro da vila e tem uma vista privilegiada para a antiga fortaleza medieval da vila. À beira da água ouve-se música através das colunas - a playlist é da responsabilidade dos nadadores-salvadores. “Quando vêm idosos tentamos mudar um pouco a música e eles até começam a dançar”, destaca Gonçalo Fino.
Susana aproveita o sol numa cadeira enquanto a filha nada na piscina. Ao JORNAL DE LEIRIA conta a aventura que foi para elas o início da época balnear ali, na piscina. “No início do Verão, quando começámos a vir, estávamos as duas lesionadas. Ela tinha um braço partido e engessado e eu tinha os dedos de uma mão partidos e também engessados.”
Para Beatriz poder nadar, embrulhava-lhe o braço em película aderente. “Correu tudo lindamente e, aqui, consegue nadar à vontade e faz os exercícios de que precisa para a recuperação.” A mãe de Beatriz reside em Leiria e conta ainda que se recorda da antiga piscina municipal descoberta que existia no centro da cidade.
Esta, em 2003, deu lugar à actual Piscina Municipal de Leiria, que é apenas coberta. Das duas ou três vezes que lá foi, achou-a “pequena de mais” e admite que sente “muito a falta de uma piscina descoberta”, na cidade.
“Se voltasse a haver uma piscina municipal ao ar livre na zona urbana de Leiria teria de ter preços acessíveis. Também acho que não era no centro da cidade que a piscina deveria estar, por causa do estacionamento, mas perto. Faz falta”, resume.
A Câmara de Leiria reconhece que seria vantajosa a existência de uma piscina descoberta na zona urbana da cidade que servisse não só a população residente no centro de Leiria, mas também os munícipes da periferia.
O vereador do Desporto, Carlos Palheira, afirma que “poderá haver novidades num futuro relativamente próximo”, acrescentando que “a eventual construção de uma piscina na cidade terá obrigatoriamente de servir uma população muito mais vasta que a da cidade e terá, naturalmente, de ter um alcance regional”.
Reguengo do Fètal
A Piscina Municipal do Reguengo do Fètal, Batalha, situa-se a 15 quiló
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