Sociedade

Memórias do regresso do navio Índia a Portugal após a invasão de Goa

20 jan 2019 00:00

Mais de 58 anos após a invasão de Goa, recordamos, pela voz de Armando dos Santos, antigo oficial da Marinha Mercante residente em Leiria, o regresso do Índia a Portugal, com centenas de civis.

Foto: http://naviosvelhos.blogspot.com
Foto: Maria Anabela Silva
Foto: Maria Anabela Silva
Foto: Maria Anabela Silva
Maria Anabela Silva

Já passaram mais de 58 anos, mas as recordações desses dias vêem-lhe à memória, “como se tivesse sido ontem”. Tão presentes, que, em determinados momentos, Armando Fernandes dos Santos tem de interromper o relato, embargado pela emoção.

Em 1961, este antigo responsável industrial da Plásticos Edmar (empresa de Leiria que já não existe), era um jovem engenheiro maquinista da Marinha Mercante. Fazia mais uma viagem no paquete Índia, que, nos primeiros dias de Dezembro, atracou no porto de Mormugão, em Goa.

Regressava de Macau, com destino a Lisboa, quando recebeu instruções para se manter atracado, na expectativa de embarcar civis num momento em que estava iminente a invasão militar de Goa por parte da União Indiana.

“Estávamos expectantes. A informação oficial era escassa e os rumores muitos”, recorda Armando dos Santos, contando que só no dia 16 de Dezembro tomou consciência de que a invasão podia mesmo acontecer.

Na tarde desse dia, foi convidado por um casal amigo para uma ida à praia. Em pleno areal são “sobrevoados por caças da União Indiana, que fazem voos rasantes”. “Para meu espanto, vi à entrada do porto de Mormugão uma armada das forças indianas composta por vários navios de guerra. Na praia, um grupo de militares portugueses enchia sacos com areia, para eventual protecção”.

Quando regressa a bordo do Índia, havia já passageiros a embarcar, situação que se iria manter “durante toda a noite”, com a entrada de centenas de mulheres - “cerca de 450” - e de crianças - “perto de 150”.

Ao romper da manhã do dia 17, “o governador-geral, o general Vassalo e Silva, foi a bordo despedir-se, mostrando grande preocupação pelo que pudesse acontecer na viagem, porque tínhamos de furar o bloqueio da força naval indiana, que se mantinha à saída do porto”, conta Armando do

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