Sociedade

Leiria vai atribuir nome de José Mattoso a parque verde e auditório do Castelo

11 jul 2023 17:28

Câmara anuncia para o final de Outubro a realização da primeira edição do Fórum José Mattoso, iniciativa prevista no Plano Estratégico Municipal da Cultura para o concelho de Leiria.

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Em 2021, Gonçalo Lopes e José Mattoso, durante uma sessão de homenagem ao historiador
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A Câmara de Leiria anunciou, esta terça-feira, que irá atribuir o nome de José Mattoso, historiador natural da cidade Leiria que morreu no sábado, ao auditório ao ar livre e ao parque verde na encosta do Castelo.

Durante reunião de câmara, onde foi aprovado um voto de pesar, a vereadora da Cultura revelou que a primeira edição do Fórum José Mattoso, anunciado em 2021, terá lugar no final de Outubro, “inteiramente dedicado ao seu trabalho e à investigação e reflexão que desenvolveu”, como forma de “reconhecimento pelo seu percurso e trabalho”. A realização deste fórum, prevista no Plano Estratégico Municipal da Cultura para o concelho de Leiria, irá realizar-se na Igreja da Pena, no Castelo, no mesmo espaço onde, em 2021, José Mattoso foi homenageado pela Câmara de Leiria, com a atribuição da chave da cidade.

Além das distinções agora anunciadas, a autarquia já tinha decretado três dias de luto municipal, pelo falecimento deste "um ilustre leiriense", que se notabilizou pelo seu percurso enquanto historiador, professor universitário e director da Torre do Tombo. Considerado um nome incontornável no estudo da época medieval em Portugal, o historiador faleceu aos 90 anos.

 

Nascido em Leiria, aqui viveu até aos 13 anos. Da Leiria desse tempo, recordava, em entrevista concedida em 2020 ao jornal Região Leiria, "uma cidade de província, de tamanho médio e poucas indústrias, com uma elite pouco numerosa que assegurava os serviços essenciais, dirigidos por um conjunto de pessoas da classe média, que se visitavam e respeitavam mutuamente", formando dois grupos: conservadores e democratas".

Aos 17 anos, entrou para o convento e tornou-se monge beneditino, mas acabou por deixar a vida religiosa, abraçando, depois, a vida académica. Licenciou-se em História e doutorou-se em História Medieval. Foi investigador, professor, presidente do Instituto Português de Arquivos e director da Torre do Tombo, entre 1996 e 1998. Viveu em Timor-Leste, colaborando na recuperação do Arquivo Nacional e no Arquivo da Resistência, e leccionando no Seminário Maior de Díli. Autor de uma extensa bibliografia, recebeu, entre outros, o Prémio Pessoa, o Prémio Internacional de Genealogia Bohüs Szögyeny e o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

Em 2021, por ocasião do Dia do Município, o historiador foi homenageado pela Câmara de Leiria, numa conferência onde foi anunciada a realização do “Fórum José Mattoso – Cultura e Desenvolvimento Local”, de periodicidade bienal.

Para o Presidente da República, José Mattoso foi "um dos maiores historiadores" e um dos "grandes sábios portugueses", com Marcelo Rebelo de Sousa a destacar a sua "indispensável bibliografia no campo da História Medieval".

Por seu lado, o primeiro-ministro António Costa aponta-o como uma "figura notável da nossa historiografia e referência maior da cultura. "Devemos-lhe um novo olhar sobre a nossa identidade, um conhecimento profundo do nosso passado e um cuidado na preservação da memória do país", escreveu António Costa, numa mensagem publicada na sua conta do Twiter.