Economia
Jovens têm habilitações a mais para as funções que desempenham
Há cada vez mais portugueses com demasiados estudos para o trabalho que fazem. Taxa de "sobre-escolarização" chegou aos 26% em 2018, revela um estudo sobre esta matéria
Empenharam-se para se licenciar, na expectativa de poderem trabalhar na área que gostavam e de poderem viver com mais desafogo económico, mas acabaram a desempenhar funções para as quais nem precisavam de ter estudado tanto.
É este o retrato de cada vez mais jovens portugueses, de acordo com uma pesquisa do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia. Cláudia Murta e Sara Bregieira são dois rostos deste fenómeno.
Cláudia Murta, de 24 anos, licenciou-se em Educação Social na Escola Superior Educação e Ciências Sociais, do Politécnico de Leiria.
Recorda, com um sorriso rasgado nos lábios, a primeira experiência que teve na sua área de formação, como educadora social num lar de idosos. “Era responsável pela coordenação das funcionárias, por desenhar as actividades com os utentes”.
E o que mais a apaixonava era ter retorno da parte dos idosos. Natural de Leiria e a trabalhar na Batalha, até a proximidade do local de emprego era uma vantagem, lembra Cláudia.
Mas deixou aquele lar para trabalhar num outro, onde a experiência não correu bem, e a única opção foi mesmo votar a trabalhar no balcão de uma loja do shopping, onde de resto já tinha colaborado enquanto se formava.
Ciente das dificuldades de trabalhar com idosos nesta fase de pandemia, Cláudia Murta está a aguardar por dias melhores para voltar a enviar currículos. “Licenciamo-nos, mas somos tantos... e queremos todos ter respostas e não as há”, expõe a jovem. E nos últimos anos desempenhar funções no domínio para o qual se estuda é tão difícil, que Cláudia nota que as pessoas já nem se sentem frustradas. “Já sabem que têm de fazer o curso por satisfação pessoal, sem esperarem ter emprego na área”, explica a jovem.
Muitos acabam por se resignar e continuar em empregos para os quais são sobre-habilitados, até porque, à excepção do ramo das engenharias, recebe-se tanto numa função mais simples como noutra que carece de licenciatura, frisa a jovem.
Sara Bregieira, de 29 anos, trocou Leiria, onde se formou em Comunicação Social e Educação Multimédia, na mesma escola de Cláudia, pelo Algarve. Antes de remar para Sul, em 2016, onde já tinha emprego garantido na hotelaria, Sara ainda tentou trabalhar na sua área. Escreveu para duas publicações
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