Economia
Horários desfasados e controlo de temperatura: as estratégias das empresa para continuar a produzir
Pandemia obrigou muitas empresas a fechar, mas nem todas podem fazê-lo. Inúmeras fábricas da região mantêm a actividade, mas agora com alguns constrangimentos e adoptando medidas de protecção aos trabalhadores
A pandemia do novo coronavírus obrigou muitas empresas da região a fechar, mas nem todas podem fazê-lo. Do agroalimentar ao vidro de embalagem, passando por outros sectores, inúmeras fábricas mantêm a sua actividade, mas agora com alguns constrangimentos e adoptando medidas de protecção dos trabalhadores.
A Frubaça é disso exemplo. A empresa de Alcobaça produz sumos e continua a funcionar, mas “com algumas dificuldades”, por um lado porque sente constrangimentos na obtenção de matérias-primas (é disso exemplo o gengibre que vem da China), por outro porque muitas colaboradoras recorreram à licença de apoio aos filhos.
Jorge Periquito, director da empresa de Alcobaça, explica que para manter a produção foram criados dois turnos distintos, de sete horas cada (em vez de oito), e um intervalo entre eles para se proceder à desinfecção das superfícies.
Por outro lado, foi proibida a entrada de pessoas externas nas instalações da fábrica e os fornecedores têm de usar máscara e luvas. As lojas Copa também se mantêm abertas, mas com limitações ao número de pessoas no interior e desinfecções constantes. “Sentimos a responsabilidade de operar no sector primário. As pessoas têm de ter comida”, afirma Jorge Periquito.
Também do sector agro-alimentar, a Derovo, que produz ovo líquido e ovo cozido, é outra das fábricas que se mantêm a laborar. Ricardo Mateus, director executivo, explica que foram adoptadas todas as recomendações da Direcção-Geral da Saúde, algumas até com várias semanas de antecipação.
“Na semana do Carnaval colocámos uma pessoa em isolamento profilático porque esteve fora do País e andou em aviões e aeroportos”, exemplifica. Agora, para manter a produção, os trabalhadores laboram a vários metros uns dos outros, foi desfasado o horário de trabalho e limitado o número de pessoas nos espaços comuns. Além disto, são feitos controlos de temperatura aos colaboradores várias vezes ao dia.
“Temos uma cultura corporativa muito forte e as pessoas entendem e mostram uma grande responsabilidade”, elogia o gestor, que adianta que a fábrica Derovo de Pombal tem um plano de contingência próprio, a fábrica de Espanha tem outro, e existe ainda um terceiro que permite accionar medidas para que uma unidade assegure a produção da outra se for necessário.
“Temos uma responsabilidade acrescida porque trabalhamos para um sector extremamente importante, como os hipermercados e a cadeia alimentar, assim como no fornecimento de sacos para resíduos hospitalares, logo não podemos parar”, aponta por sua vez Amaro Reis, director da Sacos 88.
Na empresa do concelho de Leiria está a ser agora estudada uma reorganização das equipas de trabalho, “para mitigar possíveis constrangimentos”. “É importante manter a economia a trabalhar e agradecemos aos nossos colaboradores, clientes e fornecedores pelo esforço e dedicação para não deixarmos o país parar e manter os postos de trabalho”.
A Mibepa, empresa de Leiria que fornece matérias-primas às indústrias de plásticos, mantém igualmente a sua actividade. Para tal, adoptou várias medidas, como a redução do número de colaboradores em cada armazém.
“Entregámos meios de protecção adicional aos colaborares e mantemos uma sensibilização constante relativamente aos cuidados a observar, nas nossas instalações e nas dos nossos clientes”, explica Manuel Mota.
Por outro lado, de forma a evitar constrangimentos originados por bloqueios de áreas geográficas, foi colocada mercadoria em armazéns arrendados, localizados em diferentes concelhos, adianta o administrador.
“Vamos procurar garantir o abastecimento das indústrias de filme de embalagem e de embalagem rígida, fundamentais nesta fase da pandemia para abastecer as indústrias farmacêutica e alimentar, e ainda os materiais necessários à produção de fibras e tecidos não tecidos, depois usados na produção de máscaras”, explana.
“Não é impossível, mas desligar um forno [de uma vidreira] tem impactos económicos que podem mandar uma empresa abaixo, porque os custos são muito elevados”, aponta Vítor Martins, director da fábrica Santos Barosa, na Marinha Grande.
A unidade mantém a sua laboração, “sem restrições, cumprindo todas as recomendações da DGS” e adoptando também medidas internas para fazer face a esta situação. Actualmente a tecnologia “permite ter menos pessoas por linha de produção” do que as que eram necessárias há uns anos, refere.