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Fontes Sonoras. Aldeia do Lis recebe artistas que vão escutar e criar
O novo programa de residências artísticas que nasce no concelho de Leiria e tem curadoria de Raquel Castro vai desenvolver-se com foco no som, na escuta dos lugares, nas comunidades e nas paisagens naturais
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Fontes, a aldeia onde nasce o rio Lis e se realiza o festival Nascentes, no concelho de Leiria, volta a inspirar a criação artística, agora através de um novo programa de residências, com curadoria de Raquel Castro, que ao longo dos próximos meses vai abrir espaço para momentos de escuta activa e exploração sonora.
No Fontes Sonoras, que tem co-direcção artística de Gui Garrido, será desenvolvido trabalho com foco no som, na escuta dos lugares, nas comunidades e nas paisagens naturais.
As residências pretendem criar um espaço de reflexão crítica e experimentação sonora em sintonia com a natureza e com a população da aldeia das Fontes, com o objectivo de proporcionar uma compreensão mais profunda do território e das relações que nele se estabelecem.
Investigadora e curadora na área da arte sonora, directora do festival Lisboa Soa e da associação Sonora, Raquel Castro vem actuando na relação entre som e ambiente e na utilização da arte sonora como ferramenta de sensibilização para questões sociais, culturais e ecológicas. O que vai também acontecer em Leiria, nas Fontes, onde o ponto de partida é a paisagem natural e o contexto cultural da aldeia e se espera que a experiência de residência, com a duração de uma ou duas semanas, possa gerar obras que se integrem de forma sustentável e harmoniosa no ambiente que as acolhe.
O Fontes Sonoras terá início em Março de 2025, com o austríaco Andreas Trobollowitsch, compositor, performer e artista sonoro. “O seu trabalho é caracterizado pelo uso de sistemas de rotação, vibração e feedback, além de modificar objetos do quotidiano e criar os seus próprios instrumentos. Ele explora a relação entre o físico e o intelectual, integrando aspectos visuais, espacialidade e movimento, sempre em relação com o som”, é referido na nota de divulgação.
Em Maio, será a vez da dupla Inês Tartaruga Água e Xavier Paes, artistas plásticos portugueses cujas práticas combinam performance, som e imagem, pode ler-se no texto enviado ao JORNAL DE LEIRIA: “O seu trabalho aborda questões sociais e ecológicas contemporâneas, utilizando a arte como um meio de intervenção e reflexão. A dupla também é conhecida pelo seu compromisso com práticas colaborativas e pela utilização de materiais e tecnologias acessíveis, de modo a criar uma obra aberta e participativa”.
A terceira residência, que completará a primeira edição do projecto, está marcada para Outubro deste ano e será anunciada brevemente.
A organização explica que no Fontes Sonoras os artistas são incentivados a partilhar o processo e o resultado do trabalho através de apresentações públicas e instalações sonoras, ou seja, promovendo o encontro entre a criação artística e a vida na aldeia. O projecto considera a arte sonora como instrumento de activação da consciência crítica e é visto não apenas como exercício de criação, mas também como oportunidade para fortalecer o diálogo entre os artistas e a comunidade local.
A iniciativa é da cooperativa Ccer Mais/Omnichord, que também produz o festival Nascentes.