Sociedade

Divulgados novos trilhos de pegadas de dinossauros na Serra d’Aire

2 jan 2025 14:24

Jazida paleontológica foi identificada há cerca de 20 anos, por João Carvalho

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Município de Torres Novas

Decorreu no passado sábado uma visita à antiga Pedreira do Manuel Fernandes (rebaptizada Pedreira do Espanhol), localizada nas encostas da Serra d’Aire, no concelho de Torres Novas, onde foram dados a conhecer publicamente novos trilhos de pegadas de dinossauros, dispersos numa área com cerca de 10.800 metros quadrados, num estrato calcário datado do Jurássico Médio, ou seja, de há cerca de 168  milhões de anos.

 “Esta visita, que visou tornar pública esta nova descoberta e articular vontades e compromissos para a sua salvaguarda e valorização patrimonial, contou com a presença de representantes de diversas entidades, nomeadamente STEA- Sociedade Torrejana de Espeleologia e Arqueologia, Município de Torres Novas, ICNF - Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR LVT), Comissão de Co-gestão do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, bem como elementos da comunidade científica”, informa a STEA.

De momento, explica a mesma fonte, o local encontra-se em fase de  limpeza, para reconhecimento do número total de trilhos e pegadas. “Não obstante, foram já reconhecidas pegadas de saurópodes (‘mãos’ e pés), de vários tamanhos, sendo possível a eventual identificação de outros fósseis, à semelhança do que acontece no Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém – Torres Novas”, refere a STEA.

“A jazida paleontológica foi identificada há cerca de 20 anos, por João Carvalho, que aguardou pela salvaguarda e protecção das pegadas identificadas na Pedreira do Galinha para divulgar esta nova descoberta. O reconhecimento da utilização daquela área para a prática de actividades TT clandestinas, despoletou agora esta divulgação, uma vez que é urgente a criação de medidas de protecção e salvaguarda do sítio, por parte das entidades competentes, de forma a valorizar este património natural, que é de todos”, realça ainda.

Durante a visita, João Carvalho manifestou o seu desejo para o futuro do local: “que seja preservado e que se promova uma visitação através dos caminhos pedestres existentes na zona, impedindo o acesso indiscriminado que provoca danos”.

Estudar, preservar e promover
Rui Anastácio, presidente da Comissão de Co-gestão do PNSAC, considera que há um longo desafio pela frente: “num primeiro momento temos de deixar que a academia análise este achado. Depois, há que trabalhar do ponto de vista da notoriedade do território, para que seja promovido e divulgado de forma a trazer valor e a fixar massa crítica.”

Para Rui Pombo, director regional LVT do ICNF, o primeiro passo é promover um estudo que valide a importância deste achado. “É imperativo que a comunidade científica se pronuncie. Há que estudar, preservar e depois promover, do ponto de vista de uma visitação regrada, sustentada e diferente, sem uma artificialização, e numa óptica de complementaridade com a “pedreira do Galinha”.

José Manuel Alho, vice-presidente CCDRLVT, salientou: “A CCDRLVT participa nesta visita com satisfação pelo facto da região estar mais valorizada no domínio do seu património paleontológico, mas sobretudo com sentido de compromisso relativamente ao imperativo de corresponder ao seu estudo, à sua valorização e gestão, de modo a que este património contribua para a promoção e desenvolvimento da região.”