Desporto
Cresceram os apoios e os atletas. Eis o legado da Cidade Europeia do Desporto
Há dois anos, dava-se por encerrado o Leiria Cidade Europeia do Desporto, após 12 meses de centenas de iniciativas que colocaram a região a mexer. O evento prometeu criar raízes que perdurassem no futuro
Quarentenas, restrições e máscaras. Tudo ficou para trás em 2022, ano em que as medidas de contenção da pandemia de COVID-19 começaram a ser aliviadas, para um regresso à tão desejada normalidade, ‘roubada’ por um vírus infeccioso em Março de 2020, em Portugal.
Várias áreas foram afectadas por esta pandemia e o desporto não foi diferente. A COVID-19 afastou jovens da actividade desportiva, fez diminuir o número de atletas e prejudicou o desenvolvimento dos clubes da região.
Num momento em que se ultrapassava este capítulo, Leiria recebeu o título de Cidade Europeia do Desporto, que poderia ser difícil de carregar. No entanto, esta foi uma oportunidade para regressar aos níveis pré-pandémicos e recuperar o dinamismo de clubes e associações registavam.
Viveram-se 12 meses de intensas actividades desportivas, que percorreram dezenas de modalidades, dinamizaram centenas de eventos e impactaram milhares de atletas. Passaram dois anos desde a cerimónia que encerrou, formalmente, as actividades do Leiria Cidade Europeia do Desporto, onde se prometeu continuar o legado e manter uma cidade dinâmica, saudável e desportiva.
Na prática, o Leiria Cidade Europeia do Desporto deu frutos? Várias entidades associativas afirmam que sim.
Carlos Palheira, vereador da Câmara de Leiria com o pelouro do Desporto, garante que a cidade “tem sido um verdadeiro centro de eclectismo, com modalidades que continuam a crescer e ganhar visibilidade”. Surgiram novos desportos, fomentou-se a actividade física e “Leiria transformou-se profundamente”. “Antes, a cidade já era reconhecida pela sua paixão pelo desporto, mas o título de Cidade Europeia do Desporto trouxe visibilidade internacional, reforçou infraestruturas, criou novos hábitos desportivos entre os cidadãos e fomentou um espírito de comunidade centrado no desporto.”
O responsável admite que este crescimento também cria novos desafios, com a necessidade de aumentar a capacidade das infra-estruturas para receber mais atletas. Carlos Palheira assegura que o município “tem estado atento” e tem-se esforçado para recuperar espaços de prática de desporto informal.
Manuel Nunes, presidente da Associação de Futebol de Leiria (AFL), refere que notou uma “mudança” em relação à “força dos clubes e das entidades que promovem a actividade física e desportiva”. “Passou a haver uma espécie de cimento que juntou várias iniciativas”, relata o especialista, que só aponta vantagens àquele ano desportivo.
O dirigente lembra os eventos nacionais que se realizaram em Leiria, como a final da Supertaça Feminina ou os oitavos-de-final da Taça de Portugal de futebol de praia, e assegura que todo este movimento gerou frutos. “E não vai parar. Criou um movimento que está em andamento, como uma bola de neve.”
Do lado do basquetebol, Pedro Brilhante também considera que o evento concelhio permitiu fomentar a prática desportiva, num ano em que já se conheciam os efeitos nefastos da pandemia. Contudo, o presidente da Associação de Basquetebol de Leiria (ABL) lembra que “os resultados nunca são imediatos”. “É óptimo ter a possibilidade de receber uma iniciativa dessa dimensão, mas não podemos estar à espera de resultados imediatos”, considerou, ao mencionar que o Leiria Cidade Europeia do Desporto permitiu “solidificar os crescimentos constantes” já registados na associação.
Quanto ao atletismo, António Reis afirma que o calendário já era “bastante exigente” e, por isso, foi difícil, em 2022, acrescentar mais provas. Os clubes aproveitaram, ainda assim, para “construir infra-estruturas” e melhorar as já existentes, o que perdura até hoje. O dirigente da Associação Distrital de Atletismo de Leiria nota, no entanto, que o atletismo informal ganhou outro entusiasmo, com mais leirienses a escolher a corrida.
Evento em números
Em 12 meses, o Município de Leiria contabilizou quase 230 mil participantes em mais de 350 eventos locais, nacionais e internacionais, entre 52 modalidades. No âmbito do PRO Leiria, o apoio aos clubes superou os 500 mil euros. Os 63 clubes e 146 equipas apoiadas em 2022 aumentaram para 68 e 158 em 2024, respectivamente.
O apoio a atletas individuais registou uma ligeira diminuição (2.134), mas sofrerá alterações quando os processos no âmbito do PRO Leiria estiverem concluídos.
Entre 2022 e 2024, o número de modalidades com atletas federados aumentou de 40 para 44. Perante estes dados, o vereador do Desporto deixa a certeza que o evento “deixou um legado visível em todos os aspectos da vida desportiva da cidade”.