Sociedade
Centro Hospitalar de Leiria usa blocos operatórios da Misericórdia para reduzir listas de espera
Protocolo entre as duas instituições visa combater a lista de espera para cirurgia de doentes não urgentes nas áreas da cirurgia geral, ortopedia, urologia, otorrinolaringologia e ginecologia
O Centro Hospitalar de Leiria (CHL) e a Misericórdia de Leiria assinaram, esta tarde, um protocolo para a utilização dos dois blocos operatórios do Hospital D. Manuel de Aguiar (HDMA), propriedade da irmandade, para a realização de actividade cirúrgica programada.
Tal como o JORNAL DE LEIRIA avançou na última edição imprensa, o protocolo prevê ainda a disponibilização de 12 camas para o respectivo recobro/internamento dos doentes. Trata-se de uma sub-contração de serviço, sendo que o protocolo estabelece que as operações são efectuadas pelos cirurgiões e anestesistas do CHL, cabendo ao hospital da Misericórdia garantir o serviço de enfermagem e acompanhamento médico necessário.
Durante a assinatura de protocolo, Licínio de Carvalho, presidente do Conselho de Administração do CHL, explicou que o protocolo surgiu na sequência de um “repto” lançado pela Misericórdia, ao qual a instituição que lidera acedeu “prontamente”, de forma a reforçar a capacidade de resposta para doentes Covid.
“O CHL não é um hospital Covid. Tem de responder aos doentes infectados [pelo novo coronavírius], mas tem de continuar a responder aos doentes não covid”, afirmou o dirigente, frisando que, neste momento a instituição tem “mais de 200 camas” afectas à pandemia, número que representa “50% da capacidade operacional” do CHL.
Apesar desse esforço, Licínio de Carvalho diz que a instituição tem mantido capacidade de resposta para doentes não covid, nomeadamente ao nível das cirurgias urgentes e prioritárias, mas há agora um atraso maior nos casos de doentes não prioritários.
Ora, é precisamente nesta área que incidirá o protocolo celebrado hoje com a Misericórdia. O que se pretende, frisa o administrador, é “não engrossar mais” as listas de espera, permitindo que os doentes tenham uma resposta “alternativa”.
Para esta semana, estão programadas 47 cirurgias. As primeiras foram feitas esta segunda-feira.
“Se correr bem, como esperamos, na próxima semana o número poderá ser superior”, adianta Licínio de Carvalho, sublinhando que o protocolo não tem um prazo definido.
“Espero que seja de curto prazo, porque era sinal de que a pandemia dava tréguas”, referiu.
Por seu lado, Carlos Poço, provedor da Misericórdia, sublinhou o contributo da instituição no combate à pandemia.
“Demos tudo o que temos”, afirmou, adiantando que o protocolo prevê que o CHL utilize os dois blocos operatórios do HDMA.
Um deles funcionará, em contínuo, de segunda a sexta-feira, das 8 às 20 horas, e o segundo “dois ou três dias por semana, conforme a disponibilidade” das equipas do CHL. A Misericórdia poderá usar os blocos ao fim-de-semana.
Presente na assinatura do protocolo, Rosa Marques, presidente da Administração Regional de Saúde do Centro, expressou a satisfação por “uma parceria tão virtuosa”, que “junta esforços com o objectivo de melhorar o desempenho” do sistema de saúde em benefício do doente.
“É um acto simbólico da forma de estar e de trabalhar que nos tem levado a ultrapassar as dificuldades, com alguma criatividade e, sobretudo, muita solidariedade”, reforçou a presidente da ARSC.