Sociedade
Calçada portuguesa já consta do Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial
Em andamento está também a candidatura da arte e saber fazer da calçada portuguesa a património imaterial da UNESCO.
A “arte e saber-fazer da calçada portuguesa” já consta do Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, quatro meses depois da abertura do processo. A inscrição foi publicada em anúncio no Diário da República.
O processo de inventariação foi aberto tinha sido aberto em Março deste ano sob proposta da Associação da Calçada Portuguesa, que integra os Municípios de Lisboa e Porto de Mós, além da ASSIMAGRA, da Universidade de Lisboa, da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa e do grupo português da Associação Internacional para a Protecção da Propriedade Intelectual.
Quando da apresentação da candidatura da inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, que teve lugar no dia 9 de Março, o secretário-geral da Associação da Calçada Portuguesa, António Prôa, que começou por identificar as ameaças e as oportunidades com que a calçada portuguesa se depara.
A diminuição de mestres calceteiros, a falta de manutenção e a má construção, a forte concorrência de outro tipo de pavimentos e o declínio das indústrias extractiva e de transformação da pedra foram as principais ameaças identificadas.
“A arte de calcetar é milenar, mas a produção de Calçada Portuguesa inicia-se como uma técnica específica na primeira metade do século XIX, em Lisboa, onde se desenvolve e ganha expressão em quantidade e qualidade extraordinárias, expandindo-se por todo o país e por vários continentes, como um traço indiscutivelmente marcante da matriz não só lisboeta como nacional”, pode ler-se na ficha de património imaterial.
O mesmo texto, citado pela agência Lusa, realça que esta arte, “caracterizada pelo carácter pré-industrial, pela beleza estética, durabilidade, sustentabilidade económica e ecológica”, tem ainda uma dimensão social: “os calceteiros, os extractores da pedra e os peões que nela pisam, tantas vezes sem a ver condignamente”.
O Município de Porto de Mós integrou, no ano passado, a Associação da Calçada Portuguesa, pela ligação que a calçada tem ao concelho, um dos principais pontos de extracção de pedra utilizada neste sector.
A meta pelo reconhecimento da arte e saber-fazer da calçada portuguesa é, no entanto, mais ambiciosa e pretende que este processo conduza ao reconhecimento da calçada como património imaterial da UNESCO, tal como acontece já com o fado.