Economia
"Assimetrias e desigualdades sociais continuam a acentuar-se"
Elísio Estanque, no seminário da Autoridade para as Condições do Trabalho.
São muitos os desafios que, actualmente, os trabalhadores enfrentam no mercado de trabalho. Para Elísio Estanque, professor universitário, "as assimetrias e as desigualdades sociais continuam a acentuar-se, ao mesmo tempo que a concentração de riqueza tem sido cada vez maior. Portugal está entre os países onde se praticam salários mais baixos."
Apesar do aumento do número de jovens qualificados, existem cada vez mais empregos precários: "os jovens já encararam a situação como normal, por mais precárias que sejam as condições", sublinhou o sociólogo, acrescentando ainda que é importante que não haja recuos nos avanços que a democracia conquistou ao longo destes anos, nomeadamente neste campo.
"É necessário procurar recuperar o papel da contratação colectiva, pois o trabalhador sozinho não se consegue desenvolver", referiu o orador no seminário alusivo ao centenário da Inspecção do Trabalho em Portugal, na passada sexta-feira, dia 17, em Leiria.
No campo da tecnologia, Elísio Estanque considerou que estimular a inovação é "prioritário". "O facto de se defender os direitos do trabalhador não é incompatível com o reconhecimento de que é prioritária a inovação tecnológica".
Relativamente aos sindicatos, o professor universitário referiu que o campo sindical tem um papel extremamente importante a desempenhar - "os cidadãos informados exigem defesa de princípios éticos no funcionamento das instituições."
"A luta no campo do trabalho continua a ser fundamental, ainda que muitos entendam que a submissão é natural", adiantou. "Mais tarde ou mais cedo, a democracia poderá estar em risco."
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