Viver

Ana Esperança: "Todos nós temos uma identidade sonora e musical"

8 fev 2016 00:00

É de Leiria a presidente da Associação Portuguesa de Musicoterapia e está na Impressão Digital desta semana.

ana-esperanca-todos-nos-temos-uma-identidade-sonora-e-musical-3015

Quem canta seus males espanta?
Não só espanta males como traz coisas boas! Cantar conforta, promove o contacto entre as pessoas, activa memórias, diminui a melancolia e os estados depressivos, estimula respirações, relaxa, diminui o isolamento e promove a auto-expressão!

Até os sambas desafinados?
Na verdade, qualquer coisa que faça parte da nossa identidade sonora, que nos seja afectivamente próximo ou que gostemos de ouvir, produz efeito. O efeito é que varia de acordo com a pessoa, com o contexto, com o seu estado emocional ou com a fase de vida em que se encontra. Para além disto, para usufruir de uma intervenção em musicoterapia não é preciso saber tocar um instrumento ou cantar.

Como é que se passa de uma licenciatura em Educação de Infância para a presidência da Associação Portuguesa de Musicoterapia?
Acho que foi mesmo a minha evolução. A música esteve sempre presente na minha vida. Com a licenciatura em Educação de Infância conheci outras realidades que explorei e que depois me levaram a conhecer ainda outras. Quando temos 17 anos e temos de decidir o que queremos ser quando formos grandes pode acontecer não acertarmos à primeira. Ainda assim, considero a minha formação de base muito importante para o meu trabalho como musicoterapeuta.

Em menos de 10 palavras, o que é um musicoterapeuta?
É um profissional que faz terapia utilizando actividades musicais.

A profissão continua sem enquadramento legal. Quem é que vos anda a dar baile?
Neste momento ninguém nos anda a dar baile. Mas num futuro muito próximo, tencionamos pôr toda a gente a mexer!

Musicoterapia rima com ciência ou com bruxaria?
Rima com bruxaria! Mas é inequivocamente uma ciência.

Mas em que momento é que o som cura?
O som não cura. Nem é terapêutico só por si. É a intervenção do musicoterapeuta que torna a música uma ferramenta terapêutica. O musicoterapeuta vai ajudar o cliente a promover a sua saúde através de experiências musicais e da relação que se cria entre eles.

Alguns estudos indicam que a música activa áreas do cérebro também activadas pela linguagem.
Há muitos estudos científicos que nos falam dos efeitos da música no cérebro. Acho que isto pode querer dizer que o som foi das primeiras formas de comunicação.

As crianças reagem mais a estes estímulos do que os adultos?
Sim, de uma forma geral, a criança é extremamente receptiva à música. É na infância que o ser humano tem um maior potencial de aprendizagem. O seu cérebro está preparado para crescer e desenvolver-se sem limites. O facto de a música ser algo bastante motivante também ajuda a uma reação ainda mais positiva.

Leia mais na edição impressa ou torne-se assinante para aceder à versão digital integral deste artigo.