Opinião
Uma nação má a matemática
Todos sabem como ficou o jogo e a figura que fizemos, mas na terça-feira, às 20 horas, em Paris, o ambiente no centro de transmissão da UEFA era de segurança; de que era apenas uma questão de tempo até Portugal marcar.
Horas antes do Portugal-Islândia, o mister estava sereno. Os jogadores respiravam confiança, não havia lesões aparentes. A máquina lusitana estava confiante, bem oleada, com nervoso miudinho para começar a jogar.
Todos sabem como ficou o jogo e a figura que fizemos, mas na terça-feira, às 20 horas, em Paris, o ambiente no centro de transmissão da UEFA era de segurança; de que era apenas uma questão de tempo até Portugal marcar.
Depois começou o jogo e lá nos instalámos junto à área islandesa. Parecia óbvio que, à força de porfiar, haveríamos de levar a água ao nosso moinho. Foi nesta ocasião que percebi que, no centro de transmissão, há bem mais portugueses do que imaginava.
A cada jogada falhada de Portugal ouvia-se um “aaahhhh” ou “oohhhh” de cada canto daquela casa. Ao intervalo, tudo nos dizia que a vitória estava no papo, restava saber por quantos, porque iríamos marcar mais cedo ou mais tarde. Mas não.
Numa rara jogada bem gizada de contra-ataque, a nossa defesa perdeu-se e eles marcaram. Nem a entrada do nosso benjamim - nem do Harry Potter - conseguiriam alterar a sentença que estava escrita: a Islândia ia acabar o primeiro jogo do primeiro torneio internacional em que participava com um ponto ganho frente a Portugal e a nossa selecção ia, como acontece tantas vezes, perder dois pontos e começar já a fazer contas para os jogos que faltam. Só estranho que continuemos a ser uma nação tão má a matemática.
*Intérprete da UEFA no Europeu de futebol
Nota: Nuno Bon de Sousa é um dos intérpretes da UEFA, que fará a ligação entre os jornalistas estrangeiros e os jogadores nacionais nas conferências de imprensa. Enquanto a participação portuguesa durar, será o "agente infiltrado" do JORNAL DE LEIRIA, escrevendo crónicas nas edições online e em papel
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