Opinião

Um mês intenso de decisões

9 mai 2025 11:14

Liberdade é sinónimo de responsabilidade. E por isso, se somos livres para votar, temos a responsabilidade de o fazer

Maio é sempre rico em eventos. Acresce a este um muito importante para o País. Mais uma ronda de eleições legislativas. O que vai mudar? Tudo? Nada? Inquieta a abstenção vencedora, que nada se faz para mudar. Uma conquista tão importante da nossa sociedade, que ainda há pouco celebrou os seus 50 anos de eleições livres, então com um sufrágio perto do universal.

Hoje, nem metade alcança. E nada se faz para contrariar essa liberdade, sim, mas desresponsabilizada também. Somos livres. Não sei se todos sabemos o que tal significa, porque muitos já não vivemos a sua ausência, mas somos livres. Incluindo para votar, de forma anónima para garantir que o fazemos sem qualquer pressão externa. Livremente, portanto. Contudo, liberdade é sinónimo de responsabilidade. E por isso, se somos livres para votar, temos a responsabilidade de o fazer.

Uma das opções é não votar, bem diferente de se abster. Ir até à mesa de voto, pegar no boletim e não inscrever nada, diz alguma coisa. Se estamos insatisfeitos com as opções, é isso que devemos fazer. Ficar em casa ou ir passear, não diz nada. Se acreditamos que alguma é válida, devemos inscrever, de forma responsável, essa opinião neste direito, livre, que hoje temos, e pelo qual somos todos responsáveis.

Mas maio tem também outra eleição. Do novo papa. Feita não por todos, mas por um conclave selecionado para tal. Grande responsabilidade que tem, substituir uma figura tão marcante e reconhecida pelo mundo atual. Impressionante ver o quanto o mundo homenageou o nosso Papa Francisco. Poderia talvez dizer-se que todos, todos, todos o homenagearam.

Numa altura em que a instituição que representa atravessa um período tão difícil, todos, todos, todos lhe reconheceram o enorme valor e o tanto que corajosamente fez e tentou fazer. Impressionante também perceber o tão pouco que conseguiu. Mas é certo que outras instituições, e a sociedade em geral, tem iguais problemas e também ainda os não conseguiu resolver. E por isso o quase nada que nos parece que fez, talvez tenha sido muito. E muito mais do que percebemos.

Espero destas eleições que os seus votantes tenham a coragem de escolher quem irá dar continuidade a este seu trabalho, em todas as suas frentes, mais difícil do que limpar as pirâmides do Egipto com uma escova de dentes, como uma vez disse. Das nossas, espero apenas que exerçamos todos, todos, todos, a responsabilidade deste nosso ato livre, não o deixando para um qualquer conclave aleatório, de todo não selecionado para tal. 

Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990